terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Urucubaca incendeia a cidade degradada



O ano da Copa das Confederações significa que centenas de milhares de torcedores fanáticos, quase corintianos, vêm torcer pelos seus países e quer dizer que é hora de convidar gentilmente os lixos humanos a saírem das ruas, para que o mundo fique ciente de que o Brasil é um país sem pobreza; que os pobres não passam fome de alimentos; que os miseráveis não matam a sua fome com crack; que a classe média não se empanturra de drogas e que os ricos não têm gula por dinheiro fácil.

A caótica Salvador, Bahia, tem um eleitorado torturante, um eleitorado do tipo DOI CODI, que nos fez engolir João Henrique duas vezes goela abaixo e agora nos presenteia com ACM Neto, dirigido por alguns dos eternos pupilos de seu avô, aquele mesmo avô cabeça branca do chicote malvado, para maquiar a cidade, visando a majestosa Copa da mal falada Fifa.

Aproveitando um fenomenal achado de Felipão, o treinador de nossa seleção, depois do ex prefeito João Henrique, até um diretor ou gerente do Banco do Brasil é capaz de ser um bom governante.

E acreditamos que Neto será um bom prefeito aos olhos de seu eleitorado, pois basta que ele não leve para casa, nem deixe que levem o dinheiro da prefeitura; que tape os buracos das ruas; que faça cumprir a lei que obriga os proprietários a manterem inteiras e conservadas as calçadas em frente aos seus imóveis; que retire diariamente o lixo das ruas, de todas as ruas; que faça cumprir o dispositivo constitucional assegurando transporte público de qualidade à população, com tarifas compatíveis com a qualidade do serviço e com o bolso de seus usuários; que impeça os automóveis de andar e parar sobre as calçadas, definindo e disciplinando as áreas de estacionamento e que moralize os serviços de carga e descarga de mercadorias na área urbana.

Acreditamos que Netinho está qualificado a fazer esse mínimo necessário para um bom governo municipal. Ele é rico, não precisa mais de roubar. No seu personal interesse, é só continuar privilegiando e facilitando a vida operacional e fiscal das empresas de sua família, façanha que João Henrique também fez e com muita desenvoltura.

Seu avô, honesto, criativo e trabalhador tenaz, que lhe sirva de exemplo, no requisito eficiência e trabalho. Como o neto, ACM avô viveu apenas no serviço público toda a sua vida profissional e mesmo assim soube acumular uma fortuna colossal, legando essa riqueza incomparável à todas as gerações de sua família, até o final dos tempos. Com a fortuna herdada que já tem, Neto não precisa nem mesmo do minúsculo salário  de prefeito.

Neto é esperto, muito esperto, e precisa apenas vigiar a sua equipe e os funcionários municipais, para que trabalhem com seriedade e sem cair em tentação.

Mas se Netinho quiser mesmo ser o melhor alcaide soteropolitano de todos os tempos, basta que ele não se deixe governar pelas máfias das empresas concessionárias do serviço público de transporte de passageiros e das empreiteiras responsáveis pela coletado lixo, coisa que nunca aconteceu nessa cidade, a não ser nos governos de Hélio Machado e Virgildásio Senna, períodos em que a cidade possuía a sua própria empresa eficiente de serviço de coleta de lixo e de transporte de passageiros. E que cumpra pelo menos a metade do que prometeu para a saúde e a educação.

E para tanto, muito pouco é necessário, é suficiente que Neto rompa com a cultura dos olhos fechados e não aceite as planilhas de custos, apresentadas pelo sindicato das empresas de transporte, sem uma auditoria interna e outra independente. Para viabilizar essas auditorias e assegurar preço justo de tarifa, só é preciso que o nosso destemido gestor mande instalar memória fiscal nas catracas de todos os ônibus registrados e fiscalize, para punir e banir todo veículo clandestino de transporte de passageiros, que nas empresas concessionárias é o caudaloso rio que deságua nos seus obesos oceanos de caixa dois.

E também que ele passe a obrigar que sejam feitos e cumpridos os horários de ônibus no interesse do usuário, em vez de apenas nos horários e frequência lucrativos para as concessionárias. Também que responda aos idosos, que pagaram o transporte público por mais de sessenta anos, a pergunta que não quer calar: por que idosos não têm o direito à gratuidade nos ônibus decentes? Por que idosos ainda precisam pagar para usar ônibus com ar refrigerado e assentos compatíveis com a dignidade humana? E todos os veículos de transporte de pessoas devem ser equipados com ar condicionado e poltronas acolchoadas, compatíveis com a dignidade humana.

Como o seu avô, Netinho já começa o seu governo fazendo as coisas certas e já se tem a sensação de que Salvador agora tem governo. Mas, nesse comecinho de governo, a cidade degradada assiste ao fogo destruir prédios da administração pública. Já nesse requisito, Netinho não deve imitar o seu avô.

E já que a nossa cidade é de Oxum e as águas da baía de Todos os Santos e de todos os pais-de-santo banham grande parte de suas terras, é bom que Neto providencie logo um banho de folha, para afastar a urucubaca, se não, a cidade inteira pode arder em chamas, antes mesmo da Copa das Confederações.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Alma feminina




Tenho a alma feminina, o que me dá muitos privilégios e alguns mal entendidos.

Não nasci há 10 mil anos atrás, mas numa época semelhante, em que o macho só podia ser homem, tinha que ser homem, havia de ser cabra macho e ser cabra macho significava comer, ou relatar que comia, todas as mulheres que aparecessem em sua frente e se o ser masculino não desse para cabra macho, então era viado e  levava pedrada.

Até hoje me parece que o falecido e querido cabra macho do meu pai comia mesmo todas as mulheres, das patroas às empreguetes, gula que não era fiel nem ao tom da pele, muito menos à beleza e essa infidelidade conjugal deixava a minha alma feminina em polvorosa.

Essa questão foi o principal mal entendido que me seguiu pelo caminho, como uma sombra que transcendia todas as luzes; solar, lunar, elétrica e até a luz cósmica, ou divina. E era para o meu corpo franzino uma sombra mais escura e mais ameaçadora do que a própria escuridão.

Isso tudo, porque, diante de tudo isso, eu sempre gostei de cozinhar e fiz uma jura de amor a mim mesmo que só comeria a mulher com que me casasse e comeria somente a ela. Cumpro a jura da fidelidade até hoje e tenho orgulho de jamais ter beijado uma boca que não fosse a de minha companheira.

Mas a questão central de minha vida não era a minha virgindade como um fato maior do que a afronta de não ir às bacanais promovidas e patrocinadas pelo meu cabra macho paterno, o que fez minha abstinência copular atravessar toda a infância, a adolescência inteira, até chegar ao seu maravilhoso fim, diante da então mulher da minha vida, aos 23 anos de idade.

O agravante da minha viadagem era o meu gosto pela cozinha, Desde pequeno o meu melhor prazer era ver minha mãe ensinar às curicas como se faz pato no tucupi, tacacá, casquinha de mussuã, escabeche de peixe do jeito francês e as outras suas delícias culinárias, que fizeram os jantares lá de casa virarem lenda.

Saia daí seu moleque sem vergonha, que cozinha é lugar de mulher”, dizia meu pai, com toda raiva possível, felizmente raiva mais pesada do que o seu braço e mais afiada do que o seu cinturão.

Mesmo assim, ainda hoje não existe nada que me dê mais prazer do que cozinhar, principalmente quando tenho a chance de cozinhar para minhas filhas e ver Júlia fotografando os pratos prontos e despejando o seu colorido na internet.

Quando cozinho e me concentro nos afazeres do fogão, baixam em mim os espíritos de cozinheiras maravilhosas, que além de ensinar o que não sei, dão ótimas sugestões do que fazer.

A mais querida alma das minhas cozinheiras visitantes é Dona Lete, uma mulher maravilhosa, nascida numa região do vale do Rio São Francisco, onde seu pai, macho e rico, plantou roças admiráveis de cacau. A fortuna da família de Dona Lete atraiu a usura de um homem charmoso, cabra sabidamente muito macho e envolvente, que não podia mesmo ser mais nada na vida, a não ser marido de mulher rica e político profissional.

O espírito de Dona Lete me chegava na cozinha com o semblante sofrido, carregado, mas depois do primeiro prato, encaminhado com muita perícia, ela libertava o seu lindo sorriso, desconhecido das outras pessoas.

Nos primeiros meses do ano de 2003, no comecinho do governo da esperança que venceu o medo, logo que percebi que fui mais um eleitor enganado e vi que a matriz política desse novo governo dos supostos trabalhadores é a mesma matriz plutocrática colonial dos governos anteriores, desde o ano de 1500, num desabafo, escrevi a letra de uma música chamada Plutocracia, ainda inédita e atual aqui no Brasil. Luciano Vasconcelos compôs a música e fez os arranjos de Plutocracia para a banda Navio Negreiro, banda e música que, em 2004, foram ovacionadas por delirantes plateias europeias.

A música Plutocracia é um prato cheio, apetitoso, que também foi preparado pela inspiração de minha querida colega cozinheira Dona Lete.

PLUTOCRACIA
Essa música é o Brasil mostrando a sua cara como Cazuza pediu e se chama
Plutocracia,
que quer dizer governo dos mais ricos, pelos  mais ricos e para os  mais ricos
Ela trata de delinquentes que se tornaram gordos políticos,
mamando nas tetas do governo e que estão sempre no governo,
como abutres na carniça. 
A música também fala do amor incondicional de Dona LETE.
Dona LETE, é honesta, batalhadora, mas submissa à infelicidade de ser casada com um desses ratos do erário.
Dona LETE é traída, humilhada e explorada publicamente
pelo seu gordo marido
e continua sendo sua fiel e resignada mulher.
Dona LETE é a metáfora do povo brasileiro.
O povo brasileiro está para a PLUTOCRACIA
assim como dona LETE está para o seu gordo rato.

Estou com medo do governo
Da esperança que venceu o medo

Pilham os ricos a riqueza
Grampeiam a dignidade
Avançam no dinheiro
Da comunidade
E tome-lhe impunidade

Reforma na previdência
Povo manso e azarado
Garfo na privatização
Propina é dinheiro para deputado

Tudo isso é indecência
Pra dar lucro a banqueiro
Boa vida a estrangeiro
O povo morrendo de fome
E viva o povo brasileiro

Brasil:
Futebol, carnaval, cocaína, jogatina, cachaça e confete
E no coração do povo
O mesmo amor incondicional de dona Lete.

Aqui em baixo
A violência corre solta
Pois a miséria só aumenta
Fome zero é uma piada
Um conto da carochinha
Diante desses políticos
Beira Mar é trombadinha

Reforma na previdência
Povo manso e azarado
Garfo na privatização
Propina é dinheiro para deputado

Olhe o suingue da plutocracia:

Executivo:
Entreguismo e corrupção

Judiciário:
Caixa preta de ladrão

Parlamento:
Feira de voto e grampo ilegal,
Meu irmão

Tudo isso é indecência
Pra dar lucro a banqueiro
Boa vida a estrangeiro
O povo morrendo de fome
E viva o povo brasileiro

Brasil:
Futebol, carnaval, cocaína, jogatina, cachaça e confete
E no coração do povo
O mesmo amor incondicional de dona Lete.