sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A GRIPE DOS PORCOS E A MENTIRA DOS HOMENS




Mauro Santayana – 01/05/2009

O governo do México e a agroindústria procuram desmentir o óbvio: a gripe que assusta o mundo se iniciou em La Glória, distrito de Perote, a 10 quilômetros da criação de porcos das Granjas Carroll, subsidiária de poderosa multinacional do ramo, a Smithfield Foods.

La Glória é uma das mais pobres povoações do país. O primeiro a contrair a enfermidade (o paciente zero, de acordo com a linguagem médica) foi o menino Edgar Hernández, de 4 anos, que conseguiu sobreviver depois de medicado. Provavelmente seu organismo tenha servido de plataforma para a combinação genética que tornaria o vírus mais poderoso. Uma gripe estranha já havia sido constatada em La Glória, em dezembro do ano passado e, em março, passou a disseminar-se rapidamente.

Os moradores de La Glória – alguns deles trabalhadores da Carroll – não têm dúvida: a fonte da enfermidade é o criatório de porcos, que produz quase 1 milhão de animais por ano. Segundo as informações, as fezes e a urina dos animais são depositadas em tanques de oxidação, a céu aberto, sobre cuja superfície densas nuvens de moscas se reproduzem. A indústria tornou infernal a vida dos moradores de La Glória, que, situados em nível inferior na encosta da serra, recebem as águas poluídas nos riachos e lençóis freáticos.

A contaminação do subsolo pelos tanques já foi denunciada às autoridades, por uma agente municipal de saúde, Bertha Crisóstomo, ainda em fevereiro, quando começaram a surgir casos de gripe e diarreia na comunidade, mas de nada adiantou. Segundo o deputado Atanásio Duran, as Granjas Carroll haviam sido expulsas da Virgínia e da Carolina do Norte por danos ambientais. Dentro das normas do Nafta, puderam transferir-se, em 1994, para Perote, com o apoio do governo mexicano. Pelo tratado, a empresa norte-americana não está sujeita ao controle das autoridades do país.

É o drama dos países dominados pelo neoliberalismo: sempre aceitam a podridão que mata. O episódio conduz a algumas reflexões sobre o sistema agroindustrial moderno. Como a finalidade das empresas é o lucro, todas as suas operações, incluídas as de natureza política, se subordinam a essa razão. A concentração da indústria de alimentos, com a criação e o abate de animais em grande escala, mesmo quando acompanhada de todos os cuidados, é ameaça permanente aos trabalhadores e aos vizinhos.

A criação em pequena escala – no nível da exploração familiar – tem, entre outras vantagens, a de limitar os possíveis casos de enfermidade, com a eliminação imediata do foco. Os animais são alimentados com rações que levam 17% de farinha de peixe, conforme a Organic Consumers Association, dos Estados Unidos, embora os porcos não comam peixe na natureza. De acordo com outras fontes, os animais são vacinados, tratados preventivamente com antibióticos e antivirais, submetidos a hormônios e mutações genéticas, o que também explica sua resistência a alguns agentes infecciosos. Assim sendo, tornam-se hospedeiros que podem transmitir os vírus aos seres humanos, como ocorreu no México, segundo supõem as autoridades sanitárias.

As Granjas Carroll – como ocorre em outras latitudes e com empresas de todos os tipos – mantêm uma fundação social na região, em que aplicam parcela ínfima de seus lucros. É o imposto da hipocrisia. Assim, esses capitalistas engambelam a opinião pública e neutralizam a oposição da comunidade. A ação social deve ser do Estado, custeada com os recursos tributários justos. O que tem ocorrido é o contrário disso: os estados subsidiam grandes empresas, e estas atribuem migalhas à mal chamada "ação social". Quando acusadas de violar as leis, as empresas se justificam – como ocorre, no Brasil, com a Daslu – argumentando que custeiam os estudos de uma dezena de crianças, distribuem uma centena de cestas básicas e mantêm uma quadra de vôlei nas vizinhanças.

O governo mexicano pressionou, e a Organização Mundial de Saúde concordou em mudar o nome da gripe suína para Gripe-A. Ao retirar o adjetivo que identificava sua etiologia, ocultou a informação a que os povos têm direito. A doença foi diagnosticada em um menino de La Glória, ao lado das águas infectadas pelas Granjas Carroll, empresa norte-americana criadora de porcos, e no exame se encontrou a cepa da gripe suína. O resto, pelo que se sabe até agora, é o conluio entre o governo conservador do México e as Granjas Carroll – com a cumplicidade da OMS.














Despreparados, preguiçosos e incompetentes, os bacanas brasileiros transformaram o país numa imensa cloaca tropical, cada vez mais podre e fedorenta, uma espécie de rinha lamacenta de lutas deploráveis entre seres putrefatos, onde um rato ataca o semelhante, e nós, platéia desprezível, com a passividade mórbida de sonâmbulos da indiferença e da covardia, consentimos em aturar, no Supremo Tribunal Federal, cenas que se vê em qualquer covil, onde o meliante que preside a suprema corte é desmoralizado e desmoraliza publicamente seus pares com acusações de improbidade e nada, absolutamente nada acontece; permitimos que a gangue de ratos parlamentares do congresso nacional repita diariamente o descalabro da suprema corte, com acusações recíprocas de gatunagem e que nada aconteça. E agora assistimos feito panacas a senhora impunidade estimulando os ricos donos das maiores redes concessionárias do serviço público de televisão a se acusarem mutuamente dos piores crimes contra a segurança nacional, porque honra nós não temos mais. E nada vai acontecer, porque não temos vergonha.

Marighela, Lamarca e seus bravos companheiros patriotas foram cruelmente assassinados pelos covardes mandantes e comandantes da ditadura militar, porque aqueles valentes queriam impedir que o Brasil se transformasse nesse esgoto que hoje ele é. Eles lutaram pela justa distribuição de renda, pela manutenção da estabilidade no emprego, por salário digno e pelas demais conquistas e direitos dos trabalhadores. Ofereceram suas vidas pela causa da seriedade no trato da coisa pública, pela soberania política e econômica do país e por isso eles foram assassinados.

Marighela, Lamarca e seus bravos companheiros foram mortos, porque é preciso abater a grande floresta, para que cresça em seu lugar a erva daninha.

Diante de tudo isso que está acontecendo, diante da bandidagem e da permissividade institucionalizada, nós do Grampo recomendamos a leitura atenta do artigo abaixo, “Duas formas de olhar a vida”.

DUAS FORMAS DE OLHAR A VIDA

Por Luiz Eladio Humbert

Vale à pena acreditar na existência de Cristo e na existência de Buda. No mínimo, tudo que se disse a respeito da personalidade deles e da vida que levaram nos serve de exemplo e de parâmetro, quando nossas ações são para mudar a sociedade insustentável e evitar que o mundo continue caminhando para um triste fim.

Cristo e Buda são dois modos distintos de encarar a realidade.

Cristo não tinha planos para esta vida. Sabendo que toda a autoridade é prejudicial à vida, Cristo buscou a libertação na dor, acolhendo-a com alegria e resignação, acreditando que a personalidade humana se eleva na dor. Portanto, Cristo não se insurgiu contra a autoridade. Sujeitou-se à autoridade imperial de Roma e à autoridade eclesiástica da igreja judaica, sem usar os seus divinos poderes e força para se defender da violência política e religiosa. Cristo não tinha planos de reformar ou de reconstruir a sociedade.

Cristo pregava contra a ambição insana dos poderosos com uma atitude serena, a mesma atitude de Gandhi contra a violência do império britânico, postura estóica que veio a se chamar de resistência pacífica. Atitude positiva, que é muito diferente da permissividade atual de todos os omissos, passivos e indiferentes à realidade social, que, por ambição ou covardia, se tornam cúmplices da violência da usura das classes dominantes, que gera todas as demais formas दे violência social, política e ambiental.

Ao contrário de Cristo, Buda só tinha planos para esta vida. Substituir a sociedade plutocrática segregacionista por uma nova sociedade instituída em bases igualitárias, uma sociedade comunitária, livre da fome, da pobreza material, da pobreza espiritual e do sofrimento. Portanto, Buda desenhou e fortaleceu o caminho para uma nova sociedade livre de hierarquia e de competição; uma nova sociedade baseada na solidariedade natural entre irmãos.

Seiscentos anos antes de Cristo, Buda intui que a suposta divindade criadora de todo universo é apenas energia imaterial, sem conteúdo e sem forma, de onde tudo vem e para onde tudo vai. E essa “divindade suprema”, a pura energia da vida, está em cada corpo do universo, está em todos os corpos minerais, vegetais, animais, humanos e culturais. Portanto, para Buda, o sublime mandamento é amar a si próprio sobre todas as coisas e ao próximo, todos os próximos, de todos os reinos da natureza, como a si mesmo.

Seiscentos anos depois de Buda, Cristo, filho de Deus, ensinou que Seu Pai está no paraíso, bem distante de nós e dessa vida, e que a lei de Deus se resume a um só mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

E nós, praticantes budistas da Casa da Aranha, nos propomos realizar pacificamente a revolução de trazer Deus de volta ao homem e à natureza, porque o paraíso tem que ser aqui e agora. E seguimos por esse caminho revolucionário. Nós acreditamos no projeto budista de reconstrução da sociedade. Queremos agir pacificamente para acabar com a pobreza e com toda a dor e sofrimento que ela acarreta. Acreditamos no socialismo de Antonio Conselheiro, de Simon Bolívar, de Gaspar Francia e na Ciência Holística como meios revolucionários. Em vez do individualismo competitivo, vivemos o individualismo solidário, cuja expressão é a alegria.

Como bem disse o poeta inglês, “a dor não é a forma suprema de perfeição. Meramente provisória, a dor é um protesto. A dor está presa aos meios iníquos, doentios e injustos. Quando a iniqüidade, a doença e a injustiça forem erradicadas, não haverá mais lugar para a dor. Porque o que todos nós buscamos não é o sofrimento, mas o prazer. O supremo prazer de viver intensamente, sem oprimir o nosso semelhante, nem por ele ser oprimido. Queremos que todas as nossas atividades sejam agradáveis e em benefício de todos. Os gregos tentaram o bem comum, mas não o alcançaram, a não ser no mundo das idéias, porque eles tinham escravos e os alimentavam. A Renascença também tentou, mas também não alcançou, porque eles tinham escravos e os deixava morrer de fome”.

O século 21 se inicia com o recrudescimento da Renascença no neoliberalismo econômico, implantado no mundo após a derrocada da União Soviética, quando os mais ricos capitalistas do planeta tiveram a coragem de entender que apenas 20 por cento da humanidade pode produzir o necessário à boa vida desses 20 por cento. Os restantes oitenta por cento estão vivos para morrer de desespero, ou de fome.

Cristo nasceu pobre e viveu entre os humildes. Buda nasceu rico, abandonou os seus palácios e passou a viver a simplicidade de uma vida comunitária, plena de alegria, felicidade e realizações. Exemplo e modelo para todos nós, inconformados com a violência da desigualdade social, insatisfeitos com a miséria e a insegurança da sociedade atual.

O que Cristo e Buda tinham em comum é ter se despojado de tudo que possuíam ou de tudo que poderiam vir a possuir, para que nada faltasse ao seu irmão. É precisamente esse o nosso melhor compromisso e o grande desafio para os que querem mudar essa sociedade insustentável e lutam para impedir que o mundo continue caminhando para um triste fim.

Cap. 9 - pág. 36-37 do Livro Eletrônico: O Caminho da Casa da Aranha
*Luiz Eladio Humbert, Lalado, é praticante budista e letrista do GRAMPO
GLOBALIZAÇÃO: A METÁSTASE DO CAPITALISMO

O mercado é global, desde os primórdios das civilizações.

Muito antes de Marco Polo, dos fenícios, dos gregos, dos árabes, dos cartagineses, dos romanos, dos hibéricos e dos ingleses, o mercado é global. A globalização surgiu com o ser humano.

Mas quando a palavra globalização passou a ser intensamente inoculada no inconsciente coletivo pela mídia patronal, John Kenneth Galbraith, o grande pensador norte americano da atualidade, afirmou que globalização é apenas um novo nome para a velha prática imperialista das nações ricas controlarem a economia, a política, as forças armadas e a corrompida e incompetente classe dominante dos países pobres.

A diferença prática é que agora esse controle é ilimitado, porque todas as nações do planeta perderam a sua soberania e são governadas, de fato, pelas grandes corporações capitalistas transnacionais. Os avassaladores avanços tecnológicos da atualidade tornam quase instantâneas as operações financeiras globais interbancárias e as transmissões de dados e de imagens via satélite, para uma rede mundial de computadores e televisão. Devido à excitada colaboração da mídia patronal global, o controle total do mundo é apenas mais um espetáculo oferecido por eles á humanidade.

Com o fim do Capitalismo de Estado na Europa, em novembro de 1989, o vírus do liberalismo econômico e do individualismo competitivo das revoluções burguesas do pós feudalismo - já libertos de sua histórica barreira marxista-leninista - se transformou no câncer incurável do capitalismo atual, soberano predador da humanidade e do seu meio ambiente.

Aliás, o mês de novembro de 1989 é um marco na história do capitalismo global. Nesse mês ocorreram dois fatos cruciais para a humanidade: a queda do muro de Berlim, simbolizando o fim da resistência armada e organizada ao terrorismo do capital e as deliberações planetárias do Consenso de Washington.

Mas o começo desse processo de transformação do vírus em câncer deu-se em novembro de 1963, quando as indústrias bélicas e petrolíferas norte americanas assumiram, de fato, o governo da maior potencia econômica e militar do planeta, com o golpe de estado que assassinou o presidente Kennedy e logo em seguida o seu irmão Robert Kennedy, acabando de vez com a soberania política do povo ianque.

Graças ao elevado grau de incompetência, de degradação moral e de submissão política e econômica das forças armadas e das classes dominantes no Brasil, Chile, Argentina, Peru, Bolívia e Paraguai, essas republiquetas foram as primeiras vítimas da nova política de estado das grandes corporações capitalistas, que derrubou regimes democraticamente eleitos, para impor pela força militar o fim do compromisso social, econômico e cultural dos Estados Nacionais com as populações de seus países.

Com as sangrentas ditaduras latino americanas do meado do século passado, os trabalhadores perderam a estabilidade no emprego, recebendo em troca insegurança e desespero para o resto da vida, vivendo sem perspectivas de trabalho estável e de emprego, extensiva aos seus filhos, desagregando a família, e todos sem o direito de viver e envelhecer com dignidade.

Além desse direito humano fundamental, os trabalhadores foram despojados de suas históricas conquistas trabalhistas e sofreram o pior arrocho salarial já imposto pela iniciativa privada, com o afrouxamento das leis do trabalho.

A população desses países latino americanos também foi penalizada com a redução dos gastos públicos diretos para o povo e com o consequente aumento de gastos públicos para obras superfaturadas.

Reformas tributárias impuseram rígida disciplina fiscal, para garantir, entre outras benesses ao capitalismo, o pagamento prioritário das dívidas públicas à agiotagem internacional.

Depois, sempre para privilegiar o pequeno capital privado nacional e o majoritário capital estrangeiro, foram implementadas as seguintes ações espoliativas: abertura comercial, só nos países subdesenvilvidos; eliminação de restrições ao investimento estrangeiro direto, especialmente quanto à remessa de lucros e royalties ao exterior; eliminação de subsídios agrícolas e quebra de barreiras alfandegárias protecionistas; juros e câmbio ditados pelo mercado, e privatização das estatais, inclusive as consideradas de segurança nacional.

Comprovado o sucesso dessas medidas políticas extremas e a restrita e facilmente eliminada reação popular, nesses países latino americanos de terceira classe, o Consenso de Washington resolveu estende-las aos países da Europa e dos outros continentes, a partir de novembro de 1989.

Por fim, reunidos no Fairmont Hotel de São Francisco, na Califórnia, nos idos de 1995, os superbilionários do planeta, os verdadeiros golpistas do mundo, complementaram a divisão dos mercados globais entre eles, estabelecendo as suas respectivas áreas de influência.

Em diversos depoimentos ufanistas, lá ficou comprovado que, graças á mecatrônica e a outros avanços tecnológicos, 20% da população dos países desenvolvidos é capaz de produzir tudo que esses 20% melhor aquinhoado necessita.

Portanto, o resto da humanidade veio ao mundo somente para viver de biscate, morrer de fome, de doença ou de uma bala perdida.

È isso, é precisamente isso, é essa tragédia humana que os sonâmbulos globais assistem passivamente pelo mundo afora.

Diante desse triste quadro social global, surgem a comunidade musical GRAMPO (grupo musical de apoio á mobilização popular) e a comunidade de praticantes budistas da CASA DA ARANHA, para acordar, com música, poesia consciente e ações solidárias, os 80% de sonâmbulos brasileiros, propondo sua união em novas comunidades sustentáveis e auto-suficientes, como fez o visionário Antonio Conselheiro em Canudos, mostrando aos ambiciosos, aos apáticos, aos egoístas e aos conformados, que justiça, liberdade, igualdade e fraternidade podem não ser utopia.