segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Boa sorte, Neto!



Um pouco mais da metade dos eleitores em Salvador elegeram ACM Neto o novo prefeito da cidade. Agora o nosso papel, o papel de toda cidade é torcer unida pelo sucesso do novo prefeito.

E temos muitas razões para acreditar no seu sucesso. Primeiro, nos governos federal e estadual temos pessoas muito diferentes do avô do novo prefeito, que sacrificou ao extremo a população e a cidade, bloqueando, insana e truculentamente, o repasse das verbas municipais constitucionais, no afã de massacrar a sua vitoriosa adversária política, eleita prefeita pelo voto livre da maioria.

Segundo, porque as principais promessas de campanha do novo prefeito são consistentes, oportunas, exequíveis e necessárias, como descentralizar a gestão municipal com a implantação das prefeituras-bairro; construir centros de educação integral, com atividade nos dois turnos, começando pelos bairros mais violentos; construir o Multicentro de Salvador, para consultas e exames especializados; construir um Hospital Geral em Pau da Lima e uma maternidade no subúrbio; implantar bilhete único e meia passagem de ônibus aos domingos; construir 40 km de corredores exclusivos para ônibus; criar a Secretaria de Ordem Pública e Prevenção à Violência e ampliar o efetivo da Guarda Municipal.

Terceiro, porque, ao contrário da última eleição municipal, desta vez a escolha do prefeito pelos eleitores não se constitui num erro flagrante e prejudicial à população e à cidade, como foi a reeleição de um menino chorão, de um gestor bunda mole, como é o seu antecessor, fato amplamente demonstrado, já no seu primeiro mandato.

Quarto, porque acreditamos que não será difícil para o novo prefeito trocar as festas e baladas, costumeiras e muito apreciadas, por atividades mais responsáveis e comprometidas com a cidade e com seu povo, como estar sempre presente fisicamente nos mesmos lugares visitados durante o tempo da propaganda eleitoral, acompanhando de perto o resultado das ações de seu governo.

E, finalmente, porque mesmo tendo sido lançado prematuramente na política por seu avô, eleito deputado com votos de cabresto de seus currais eleitorais, ACM Neto não deve ser mais o jovem parlamentar inexperiente e destemperado, político bravateiro, que ameaça dar surras em presidente e em quem mais se destacar no seu caminho.

Alem do mais, Neto tem na família o exemplo de seu tio Luis Eduardo, lançado na política irresponsavelmente como ele, mas que soube com sua inteligência, elegância, equilíbrio, carisma, trabalho e simpatia cativar e fidelizar seus eleitores, além de ser querido, respeitado e admirado por aliados e adversários políticos.

Boa sorte, Neto! Você é a nova apostado povo desta cidade e a última esperança de sobrevivência de seu moribundo e anacrônico partido.


sábado, 27 de outubro de 2012

Guarani Kaiowá não são obrigados a deixar fazenda ocupada em Mato Grosso do Sul



Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os 170 índios guaranis kaiowás que há quase um ano ocupam parte de uma fazenda da cidade de Iguatemi, a cerca de 460 quilômetros da capital sul-matogrossense, Campo Grande, e cuja situação ganhou destaque nacional nos últimos dias não terão que deixar a área. A medida vale pelo menos até que a real situação da propriedade seja esclarecida ou que laudos antropológicos descartem se tratar, como afirmam os índios, de terra tradicional indígena.
Segundo a Justiça de Mato Grosso do Sul, diferentemente do que os índios, as organizações indigenistas e o próprio Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul chegaram a anunciar, a decisão do juiz federal Sergio Henrique Bonachela, da 1ª Vara Federal em Naviraí (MS), constitui liminar de manutenção de posse e não de reintegração da área ocupada por 100 adultos e 70 crianças guaranis kaiowás desde novembro de 2011.
A Agência Brasil entrou em contato com a Justiça Federal em Mato Grosso do Sul hoje (26) de manhã e continua aguardando uma posição oficial sobre o assunto.
O detalhe jurídico que passou despercebido por muitos pode parecer trivial, mas, na prática, significa que o oficial de Justiça encarregado de fazer cumprir a sentença vai limitar-se a notificar os índios de que o terreno pertence, até prova em contrário, aos proprietários da Fazenda Cambará. O objetivo de uma liminar de manutenção é apenas preservar a posse de quem já vinha ocupando a área até que a situação seja esclarecida. Mesmo assim, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o MPF ajuizaram recursos contra a decisão no dia 16 de outubro e aguardam o julgamento.
De acordo com o promotor da República Marco Antonio Delfino, foram os próprios responsáveis pela fazenda que solicitaram a manutenção de posse. A decisão do juiz federal, favorável ao pedido, foi dada no último dia 17 de setembro. Como não há representação da Justiça Federal em Iguatemi, a incumbência de notificar o grupo indígena foi repassada à Justiça Estadual, por meio de carta precatória. Legalmente, o prazo para que o oficial de Justiça local notifique todo o grupo termina no próximo dia 8.
Segundo o diretor do cartório do Fórum de Iguatemi, Marco Antonio Arce, o oficial de Justiça só não começou a notificar antes os guaranis kaiowás devido à repercussão que o assunto ganhou nos últimos dias por causa da interpretação de uma carta que lideranças indígenas tornaram pública.
No texto endereçado ao governo e à Justiça brasileira, os líderes indígenas falam na possibilidade de morte coletiva ao referir-se aos possíveis efeitos da decisão da Justiça Federal. Dizem que, após anos de luta, o grupo já perdeu a esperança de sobreviver dignamente e sem violência na região onde, segundo eles, estão enterrados seus antepassados. Por fim, informam, em tom de ameaça, que decidiram integralmente não sair com vida e nem mortos e pedem que, se for determinado que eles saiam da área, governo e Justiça enviem "vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar" os corpos.
Embora a palavra suicídio não seja empregada nenhuma vez, a interpretação de que o grupo estaria ameaçando se matar em sinal de protesto gerou uma onda de comoção que ganhou as redes sociais e chegou a ser noticiada por veículos de imprensa internacionais.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), embora, na carta, o grupo não tenha falado em suicídio, mas sim em morte coletiva no contexto da luta pela terra, a medida extrema tem sido recorrente entre os índios. A organização ligada à Igreja Católica afirma que a situação de confinamento em áreas exíguas, a falta de perspectivas, a violência aguda e a impossibilidade de retornarem às terras tradicionais a que estão sujeitos os vários grupos indígenas que vivem no estado levaram ao menos 555 índios a, isoladamente, tirar a própria vida entre os anos 2000 e 2011. Especificamente em relação aos guaranis kaiowás, o Cimi lembra que, embora já haja 43 mil deles espalhados por Mato Grosso do Sul, apenas oito terras indígenas foram homologadas para o grupo desde 1991.
De acordo com o Ministério Público Federal, até três meses antes de ocupar 2 dos 762 hectares da Fazenda Cambará, os 170 índios viviam acampados às margens de uma estrada vicinal, na mesma cidade. Na noite de 23 de agosto, o acampamento foi supostamente atacado por pistoleiros que, segundo os índios, atearam fogo nas barracas e feriram várias pessoas. O MPF tratou o episódio como genocídio e pediu à Polícia Federal que apurasse as denúncias. Ainda segundo o MPF, a área ocupada faz parte de uma reserva de mata nativa, que não pode ser explorada economicamente e está sendo estudada por antropólogos da Funai que, em breve, devem divulgar suas conclusões.
Edição: Graça Adjuto

sábado, 20 de outubro de 2012

O novo apostolado da oração



Talvez a principal incumbência da mídia patronal seja a de promover o surto de esquizofrenia social, manipulando fatos para esconder a realidade e substituí-la por uma ecumênica fantasia, oferecida à fé popular.

E assim foi criado o novo apostolado da oração contra império dos demônios e dos capetas, aquartelados no PT, onde se concentram todos os corruptos do país. O Pai, o Filho e o Maldito Espírito de Lula são a satânica trindade da política brasileira e, ao mesmo tempo, poderosíssima trindade demoníaca, porque é Lula quem anda pelo país afora vencendo eleições e subindo nas pesquisas, o que não dá para esconder, sempre acompanhado, visível ou invisivelmente, por seus 12 diabólicos apóstolos do mal, entre os tais, Demo José Dirceu, Demo Genoíno, Demo Delúbio Soares.  

As luzes, os microfones, os teclados e as câmeras da mídia patronal estão dirigidos e focados exclusivamente no PT, porque fora do PT só vivem e viveram os santos milagreiros da política brasileira, portanto, que fiquem sobre os santinhos da ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL e brevemente ex-DEM, apenas o manto escuro da noite eterna e o brilho longínquo das estrelas do PT.

No DEM de Santo Antonio Carlos Magalhães, curiosamente chamado de São Toninho Malvadeza por seus conterrâneos insubmissos, patrono do puro jornalismo livre e da divina liberdade de expressão e também o santo inspirador dos que buscam riqueza cor de rosa, inexplicável e repentina, lá vivem ou prosperaram, dedilhando as suas harpas, algumas das mais notórias santidades de nossa política, como São José Roberto Arruda, o padroeiro da propina sagrada e da divina escuta clandestina e São Demóstenes Torres o milagroso benfeitor das Águas e das cachoeiras.  

Mas o santo mais em moda no DEM em São Salvador da Bahia de Todos os Santos é o valente e implacável São Grampinho, cuja imagem é a de um anão PFL do orçamento, com dinheiro cor de rosa, numa mão e chicote na outra, espancando os presidentes demônios da república, os ambulantes maltrapilhos da cidade e os imundos sem teto das calçadas, para salvar o país da roubalheira e despoluir Salvador, bem ao estilo de seu santo avô, a quem São Grampinho, num arroubo de inexperiência e coragem infanto-juvenil, chamou de corrupto e lhe impingiu a culpa de ser ladrão assumido até morrer.

Essa fantasia da decência brasileira criada pela mídia patronal é a nossa realidade e quem não acreditar nela é louco, ou é um desses ladrões malocados no PT.

E, para os mais devotos que queiram reproduzi-lo, a imagem de São Grampinho pode ser feita de vidro, de barro, de gesso ou de terracota, mas a cara deve ser obrigatoriamente de pau, para que ele continue denunciando de santa cara limpa, em sua propaganda política, o caos do governo de seu parceiro João Henrique, no qual a sua equipe de anjos teve e tem inúmeros cargos de direção, e para que o ungido santo anão continue cuspindo no prato onde come e arrotando salvar Salvador do desgoverno de seu aliado João Henrique e dele próprio. Amém.

E, no mais, é como diz o povão infiel: calça de homem não dá em menino.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

As nossas mãos de Pilatos.



A Justiça Federal autorizou o despejo de 170 índios Guarany-Kaiowá de suas terras em Pyelito Kue Mbrakay, região de Navirai, Mato Grosso do Sul, em proveito de ruralistas do agronegócio, que vão depredar ainda mais o meio ambiente, derrubar florestas, exterminar animais silvestres, envenenar o solo, os alimentos e os mananciais.

Como ensinam os sertanistas e o saudoso antropólogo Darcy Ribeiro, essa violência vai provocar a morte de toda a população despejada e causar mais contaminação cancerígena por agrotóxico, para quem continuar vivo, como revela o relatório anual do Instituto Nacional do Câncer.

Certamente essa decisão da Justiça Federal não foi tomada por um juiz da estirpe de Joaquim Barbosa, mas por um juiz, ou por uma corte formada por magistrados grampeados por Daniel Dantas, aliado da usurária e retrógrada elite ruralista.

A grande mulher Lina Bo Bardi disse quefalta ao Brasil a violência popular de base, que prenuncia as mudanças em um país”. Isso foi dito num contexto em que a população ativa, consciente, corajosa, democrática e legalista estava sendo torturada e dizimada pela ditadura militar.

Hoje, no bojo de uma ditadura civil neoliberal, um pouco mais branda em termos de violência física, podemos continuar concordando com essa talentosa arquiteta do belo e dizer que falta ao Brasil a ativa mobilização popular de base, que prenuncia as mudanças em um país.

Vítimas de nossa própria ambição pessoal, ambição sempre egoísta, dominados pela usura e pela ganância, vivemos com a consciência adormecida num conceito evangélico de compaixão, que significa sentir-se melhor, mais afortunado, mais abençoado do que os que sofrem, ser solidário e ajudar tendo pena e dando esmolas.

Mas isso não é compaixão, é oportunismo. Compaixão é sentir-se igual ao outro, nem melhor, nem pior do que ninguém, dar as mãos aos que sofrem e caminhar com eles para longe do sofrimento.

Exatamente como fazem alguns de nossos irmãos judeus, no Estado de Israel, os poucos não contaminados pelo vírus do nazismo, que se mudam de mala e cuia para casas de palestinos, em Jerusalém, e passam a morar com eles, para impedir que a SS de Israel os despeje de suas casas.

Vou de mochila e barraca visitar os índios Guarany-Kaiowá e passar um tempo possível com eles, às margens do rio Hovy.

Quero que minha consciência desperte com o amanhecer da floresta, no colo de uma velha índia, como a minha mãe Dodó, que me ensinou a ser gente e muito diferente das pessoas sem amor e sem saúde, acima do peso, deformadas, barrigudas, estressadas, que vejo passando pelas ruas e frequentando igrejas, para implorar milagres e fazer caridade, dando esmolas.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Antes de colocar a nossa cabeça no travesseiro...



Tive a sorte de também ser criado por uma índia e trago o desabafo de um parente para a reflexão de vocês. Procuro saber qual é a nossa melhor atitude, diante dessa questão gravíssima. Ficaremos indiferentes, de braços cruzados, nessa passividade constante que herdamos de nossos antepassados? Será que a nossa única iniciativa, individual ou coletiva, é tomar o que é dos outros, ganhar dinheiro sem esforço? Parece que os valentes brasileiros que lutaram e deram a vida pela liberdade, pela justiça, pela igualdade e pela legalidade não deixaram descendentes. O sangue desses bravos se perdeu. Depois publico aqui mesmo a minha reflexão e revelo qual atitude vou tomar, diante do genocídio progressivo que cometemos contra os habitantes da terra que invadimos.



Nós (50 homens, 50 mulheres, 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, vimos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de despacho/ordem de nossa expulsão/despejo expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, em 29/09/2012.

Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Navirai-MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional PyelitoKue/Mbarakay.

Assim, entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio/extermínio histórico de povo indígena/nativo/autóctone do MS/Brasil, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira.

A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados 50 metros de rio Hovy onde já ocorreram 4 mortos, sendo 2 morreram por meio de suicídio, 2 morte em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um (01) ano, estamos sem assistência nenhuma, isolada, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia-a-dia para recuperar o nosso território antigo PyleitoKue/Mbarakay.

De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais.

Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

Via Miguel Maron

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Breve história do Mensalão



Estão espalhando pela mídia eletrônica um artigo de Nelsinho Mota tratando do Mensalão. Uma querida amiga, bem instruída, muito viajada e inteligentíssima, empolgada com esse artigo, está distribuindo na rede uma cópia, digitada com letras enormes, taxando-o de perfeito.


Nem tão perfeito assim, minha querida.


No início de 1964, um lampejo de honestidade, patriotismo e soberania do Congresso Nacional aprovou a Lei de Remessa de Lucros para o Exterior, que inviabilizava a farra feita por especuladores internacionais, que relocavam no Brasil fábricas totalmente depreciadas e sucateadas em seus países, para produzir mercadorias de quinta e cobrar do brasileiro preços de primeira. Automóveis inclusive, ou Carroças como Fernando Collor a eles se referia.


Pela lei então em vigor, todo o lucro fantástico, obtido com essa exploração, era enviado livremente para o exterior. Eram os tempos negros das veias abertas da América Latina, antes de Lula, Chavez, Kirchner, Evo Morales e Fidel, quando a grande maioria do povo estava desempregada, marginalizada, e os operários assalariados recebiam salário de fome. Nossa riqueza era transformada em dólares e remetida livremente para o exterior.


Washington tentou de toda maneira comprar o veto de Jango Goulart a essa lei aprovada no Congresso. Ofereceu ao país a doação de uma fortuna, dinheiro mais que suficiente para Jango realizar todas as reformas de base e tirar o país do atraso econômico e social, que tanto agrada a burguesia urbana e ruralista.


Jango ficou indeciso, mas Brizola o convenceu a sancionar a lei. Ao sancioná-la, Jango disse em alto e bom som que ao assinar essa lei libertária, ele estava assinando também a sua sentença de morte. A lei foi sancionada em fevereiro de 1964 e em primeiro de abril desse mesmo ano, depois de muita agitação encomendada, Jango, presidente eleito pelo voto democrático, foi deposto pelas forças armadas, com o luxuoso auxílio da esquadra norte americana, de prontidão em águas territoriais brasileiras. Nesse dia, o Brasil tinha uma dívida externa de 3 bilhões de dólares.


Os generais assumiram o poder, mas tiveram medo e vergonha de revogar essa lei legítima. Então os seus assessores civis estrangeiros bolaram um meio de burlar a nova lei. A empresa estrangeira, em vez de investir diretamente no país, na montagem das fábricas sucateadas, depositava o seu dinheiro em bancos no exterior e simulava um empréstimo para suas subsidiárias no Brasil. Então, em vez da remessa de lucros, agora restrita a 16% ao ano, a subsidiária brasileira remetia todo o lucro em forma de pagamento de juros e do principal da falsa dívida "contraída" no estrangeiro. Dessa forma, a nossa dívida externa que era de 3 bilhões de dólares, em menos de 5 anos subiu para mais 90 bilhões. Estava então lançada a pedra fundamental do nosso Mensalão, que ainda não era para comprar voto parlamentar, porque estávamos em plena ditadura. Isso tudo foi feito pelo time de ACM, FHC, Serra, Jader Barbalho, Maluf e Cia. 


Com a queda da ditadura, o esquema passou a ser usado para a compra de voto parlamentar e foi muito eficiente na votação do segundo mandato de FHC e nas eleições do governo elitista pelo país afora, esquema sempre coordenado por Marcos Valério, homem de confiança do PSDB mineiro. 


PSDB e Arena, depois PDS, depois, PFL, depois DEMO, acreditavam que, graças a essa maravilhosa herança maternal da ditadura, iriam ficar eternamente no poder e continuaram confiantes com a política neoliberal de massacrar o povo em proveito das elites.


Mas eles não contavam que o povo acabasse com essa farra monumental e elegesse um torneiro mecânico analfabeto funcional para presidente do país, derrotando o elitista, poderoso e erudito time de FHC, Serra, Sarney, Luiz Eduardo e ACM. 


No governo, Lula inventou o neoliberalismo populista, deu esmola aos mais necessitados, tirou milhões e milhões de eleitores da linha da miséria e da pobreza, fortaleceu a economia interna, aumentou o lucro dos banqueiros e dos empresários competentes, obtendo índices de popularidade jamais vistos no país. 


Enquanto Lula fazia a sua política imbatível, a gang de José Dirceu e Genoíno cooptava a gang de FHC, Brindeiro e Serra e mantinha Marcos Valério como o operador do esquema, em razão do seu grande conhecimento e prática do assunto.


Isso o dandi Nelsinho Mota não sabe, não estudou, ou omite deliberadamente, como o faz toda a mídia patronal.


Caso queira saber mais sobre esses fatos, leia o livro Jango Goulart, as reformas sociais no Brasil, escrito pelo professor Moniz  Bandeira


Esse livro, obviamente, só é encontrado no sebo. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Presságios



“...Não tenho de ficar buzinando como na Centenário (Avenida Centenário), pois na ciclovia da Centenário há de tudo, menos bicicletas. Cachorros com donos e sem donos, cachorrões e cachorrinhos, múmias paralíticas, velhotas indo a passo arrastado, espinhaço curvado, casais de namorados, estudantes, corredores, patinadores, carrinhos de bebê, gente que vem pela contramão (bicicletas idem), pedestres que cruzam a pista para tomar ônibus. Tem de tudo. E o ciclista tem de adivinhar o que essa gente toda vai fazer, para que lado vai virar, se ouviu a buzina, etc. e tal.”

O texto acima foi colhido no instigante artigo de Luiz Britto, mas bem que poderia ser fragmento de uma carta de Pero Vaz de Caminha, não por uma razão de forma ou de brilho, mas porque, passados mais de 500 anos da visita de Caminha, o Brasil continua o mesmo.

O estrangeiro que hoje chega ao país e se depara com a nossa política econômica de terra arrasada, política de país pobre, exportador de produtos primários, agropecuários e minerais, com a indústria de peso entregue ao capital alienígena e a pequena indústria nacional sucateada, com onerosa, precária e atrasada infra-estrutura de energia, saúde e transporte, com carga tributária semelhante à que era imposta pela corte portuguesa, vê que o ambiente brasileiro continua propício à pilhagem de nossas riquezas naturais e à exploração do trabalho escravo dos negros, dos brancos genéricos, dos mestiços e do que resta dos índios. 

A rede norte americana Walmart é um bom exemplo da nossa passividade e submissão permanente à exploração colonial. Essa rede emprega um número insuficiente de escravos modernos, sem senzala, para engordar ainda mais o seu lucro, que já sofre de obesidade mórbida.

Na sua gula, usura e ganância por lucros absurdos e fáceis, a rede submete seus clientes a passar horas e horas nas filas, para pagar preços escorchantes por produtos de má qualidade, e ainda ser ferido por material cortante nas etiquetas colocadas ao longo do caminho, por onde é levado a circular.

Hoje, ao solicitar a uma funcionária - treinada para ser arrogante, com o mesmo treinamento e educação dada aos funcionários das embaixadas e dos consulados norte americanos - o favor de providenciar a instalação de um ferrolho para trancar por dentro o único banheiro em funcionamento no começo da manhã e evitar o vexame de um cliente ou de uma cliente ser surpreendida em trajes menores, com as calças na mão, a representante da Walmart respondeu que o banheiro tem que ficar aberto, porque não pode ser trancado, para impedir que os moradores de rua lá se tranquem para passar horas e horas fumando crack. Isso porque a ganância e a usura da rede não permitem que um empregado seja contratado para monitorar o uso do banheiro, mas os clientes podem continuar sendo torturados nas filas, explorados no preço, feridos no caminho e enganados na qualidade.

Todo esse surrealismo de mercado aconteceu hoje, após um passeio de bicicleta pela ciclovia da Centenário, quando foi constatando tudo que está escrito na crônica de Britto Caminha.

A Ciclovia da Centenário é uma das raras obras realizadas pelo atual governo municipal, no primeiro mandato, quando o prefeito obedecia ordens de Geddel Vieira Lima, então ministro do governo federal, e tinha as contas de gasolina pagas pelo governo estadual do PT. Depois que ACM Neto assumiu com sua equipe a prefeitura, no segundo mandato do fantoche João Henrique, a gestão municipal tornou-se o desastre que estamos suportando.

Pedalando, vê-se que a ciclovia e a pista de pedestres caminham paralelas e em vários pontos separadas apenas por alguns centímetros de grama rasteira, mas as pessoas e seus animais preferem circular pela ciclovia, onde se mostram muito mais felizes e confiantes. O que isso quer dizer? perguntei aos caracóis de meus cabelos.

A ciclovia é pintada de vermelho vivo, vermelho forte, vermelho justo, vermelho firme, que atrai e dá segurança às pessoas, ao contrário da pista de pedestres, que recebeu uma pintura amarela pálida, cor de menino amarelo, de filhinho de papai, de netinho de vovô.

Pois que isso tudo seja um bom presságio para a população, que vai escolher o novo prefeito de Salvador, no segundo turno votação.


domingo, 7 de outubro de 2012

Joaquim Barbosa para presidente do Brasil




Joaquim Barbosa para presidente do Brasil

 No instante em que o larápio Daniel Dantas contratou a maior empresa de espionagem do mundo, para flagrar crimes praticados pela elite dirigente brasileira, no executivo, no legislativo e no judiciário, aprimorando o diabólico projeto pessoal de enriquecimento ilícito, mediante chantagem com dossiês, praticado pelo seu mentor Antonio Carlos Peixoto de Magalhães, o larápio mor, sem saber, prestava um grande serviço moral à nação brasileira.

Se, por um lado, o acervo de interceptações áudio- visuais montado pela Kroll implodia a máscara hipócrita de santidade dos maiores figurões da república, por outro lado revelou nitidamente quem é honesto e quem é bandido na política e na economia brasileira.

É muito triste constatar que a chantagem de Daniel Dantas revelou dramaticamente que apenas um homem, um solitário homem em evidência na nossa republiqueta de bananas, merece a confiança do povo brasileiro.

É um espetáculo comovente, mas pleno de esperança, acompanhar o trabalho corajoso de Joaquim Barbosa na suprema corte brasileira, especialmente no julgamento dos acusados no processo do “Pequeno Mensalão”, pois o “Grande Mensalão” do segundo mandato para Fernando Henrique Cardoso, providencialmente engavetado pelo engavetador Geraldo Brindeiro,  não vai a julgamento, porque os corruptos, que se venderam muito caro naquela oportunidade porque eram oposição ao governo, hoje estão no poder.

O Direito é e sempre foi a vontade dos mais fortes em armas e dos mais ricos em bens, mas o Ministro Joaquim Barbosa passou a usar a lei e a fazer justiça em nome de todos nós e conforme o mais profundo sentimento e aspiração de justiça, que estavam aprisionados na alma do povo.

A postura de Joaquim Barbosa e os seus votos demonstram cabalmente o que é um voto livre, limpo, e o que é um voto comprado, como são comprados quase todos os votos, sentenças e decisões nos poderes executivo, legislativo e judiciário do Brasil.

A farsa da Lei Eleitoral em vigor permite, por exemplo, que um político menor, sem a estampa e sem o charme de seu tio e sem o brilho necessário de seus assessores, um anão que sempre agiu politicamente no seu próprio interesse e no interesses dos grandes patrões, que se julgam senhores de seus assalariados e dos grandes assalariados, que se julgam senhores de seus subordinados, capture e compre votos da maioria pobre para depois tratar esses mais carentes com o dinheiro da “Pasta Rosa” numa mão e com o chicote da ditadura na outra, como dizia e fazia o falecido oligarca, patriarca de sua família.

Mas o povo não é bobo, muito menos agora que está vendo quase tudo claramente. O povo já sabe que o capitalismo brasileiro é mantido por duas facções de deliquentes neoliberais, a facção elitista e a outra facção populista, criada por Lula, que também governa para os mais ricos, mas, em vez de chibatadas, dá esmolas a quem mais precisa, o que resultou em melhora de qualidade de vida para uma imensa legião de desempregados e de assalariados, que vivia na miséria e na pobreza.

E hoje só existe no país um brasileiro em evidência, um homem solitário, a única pessoa capaz de vencer Lula e Dilma, para neutralizar a corrupção, acabar com a farsa na política brasileira e conduzir o nosso povo e o nosso país a um destino compatível com as nossas riquezas naturais.

Joaquim Barbosa para presidente do Brasil.