sexta-feira, 28 de junho de 2013

A revolução do Vândalos.



Torcedores do Barcelona extrapolam durante festa de comemoração pelo título Espanhol

Incompetente para o bem, a elite brasileira tem uma  compreensão muito precária dos fatos, carência essa que é fruto da educação e da cultura mambembe que instituíram no pais, desde a invasão européia em 1500.

Temos visto e lido um verdadeiro festival de enganos, cometidos pelos governantes, pelos acadêmicos e por todos que se arvoram a interpretar os fatos para a mídia patronal, sejam eles fatos do presente ou do passado. Se vivo fosse, Stanislaw Ponte Preta teria muita matéria para continuar fazendo sucesso com o Febeapá (festival de besteiras que assola o pais) e enredo para mais um samba seu nas paradas de sucesso, dessa vez o Samba dos doidos de colarinho branco.

A maioria ordeira, de uma minoria que esta pintando o rosto e desfilando pelas ruas, tem casas - na cidade, na praia e no campo - com piscinas, hidromassagem e churrasqueira, tem mesada, lep tops, tablets, iphones, tem um carro que papai deu, e ainda dá um rolé no caro importado dele. Claro que eles não lutam por muitas coisas, porque estão de barriga cheia e o sistema neo liberal tem sido muito generoso com eles e esse bom sistema não precisa mudar muito, carecendo apenas de alguns ajustes pontuais.  

Um pouquinho menos de corrupção ali, discreta melhoria nos serviços públicos aqui e uma reforminha política de araque, que mantenha o político e seus partidos como donos absolutos do mandato popular, para enriquecer rapidamente os mensaleiros da pátria amada, que vendem impunemente o seu voto parlamentar. Reformas que preservem a caixa preta do judiciário, para quem ganha dinheiro ilicitamente e precisa comprar sentenças, protelar processos, para não cumprir pena, na pátria amada da impunidade.

Recentemente, uma minoria ordeira de bons militares verde amarelos, cordeirinhos adestrados dos banqueiros do sistema liberal, derrubou um vice presidente, eleito pelo voto livre e democrático, e depois, com a renuncia do presidente, foi impedido pelos canhões golpistas de assumir o governo, virando um presidente do tipo rainha da Inglaterra, que só foi investido no seu mandato de  presidente da republica, apos nova consulta popular, através do plebiscito, que derrubou um sistema parlamentarista, instituído as pressas, para novamente ser derrubado por novo golpe militar, desta vez com tanques nas ruas e a marinha norte americana em águas territoriais brasileiras.

Enquanto isso, os pais e avós dos manifestantes de hoje assistiam a tudo de braços cruzados e com medo de sair de casa. Porém, uma minoria de Vândalos foi à luta para defender a democracia e a soberania brasileira e devolver ao pais o estado democrático de direito. Torturados e assassinados, os Vândalos dos golpistas entraram para a historia como valentes heróis da legalidade.

Antes da ditadura militar, havia segurança e uma certa estabilidade, principalmente no emprego. Portanto, de acordo com a cultura patriarcal, o homem era o provedor da família e a mãe educava e cuidava dos filhos e do lar.

Com a morte dos Vândalos terroristas, a ditadura não teve oposição para esfacelar a família brasileira, dando ao patrão capitalista o bônus da demissão de seus empregados sem justa causa, em nome do progresso neo liberal e de melhores dias para o povo, levando ao desespero milhares de chefes de família, trabalhadores eficientes, que perderam o seu trabalho, para dar emprego a novos contratados nas mesmas funções, com salários vis.

Com isso, as mães abandonaram o lar, seus filhos maiores saíram da escola e foram para as ruas procurar uma vaga no mercado de trabalho, deixando filhos e irmãos menores entregues à própria sorte. Deu no que deu. O progresso social e melhores dias vieram apenas para os ricos, com mais corrupção, tráfico de influência e de outras drogas. Para o povo, só mais sofrimento, violência, insegurança, filhos no tráfico e muita bala perdida.

Como Marighella, Lamarca e outros Vândalos, os Vândalos de hoje sabem que a usura e o apego dos ricos ao luxo e a fartura, impossibilita que conquistemos o pais que sonhamos, dentro de qualquer sistema capitalista.  A repressão policial agride a população para proteger a corrupção, o patrimônio e os privilégios da minoria.

Como Marighella, Lamarca e outros Vândalos martirizados, os vândalos de hoje sabem que a elite vampira, conservadora, não vai largar o osso de seus privilégios e mordomias republicanas, apenas com passeatas festivas e população ordeira. A Historia das Civilizações confirma esse fato.

Os Vândalos de hoje sabem que a única solução para o drama centenário que esmaga o povo brasileiro é a revolução socialista, pois somente um  novo estado social pode garantir ao povo bem estar, justiça e igualdade de direitos. Desigualdade, corrupção, miséria, fome e outras violências contra os pobres são próprias do liberalismo capitalista.

Com a igualdade e justiça social, os mais talentosos, preparados e capazes de inventar, de criar e de produzir bens e serviços, terão  o direito de explorá-los por sua iniciativa e obter lucro compatível, contribuindo com seus impostos para ampliar os recursos do estado, garantidor do pleno emprego, do salário digno e de isenção fiscal aos trabalhadores e moradia e dignidade para todos os brasileiros.

Nos países socialistas consolidados, como Cuba, Suécia, Finlândia e Dinamarca, criança alguma dorme nas ruas. Todos tem moradia, ensino de qualidade, assistência médica de excelência, transporte público eficiente e trabalho para  toda a população economicamente ativa.

Velho, podre e covarde, o sistema odeia, agride, prende e tortura os Vândalos, porque eles representam o novo, a mudança, e ainda são minoria. Como um velho pedófilo decrépito, o sistema afaga e tapeia os manifestantes cordeiros, perdão, ordeiros, porque eles são ingênuos, úteis, repudiam os Vândalos e, por enquanto, são maioria.


judite pimentel
21:51 (7 horas atrás)
para mim
foto linda! parece uma pintura de bosch!

Aconteceu um fato incomum relacionado à escolha dessa foto linda. Procurei na rede uma foto de vandalismo de manifestantes,  pirei logo que vi essa foto e nem pensei duas vezes para postá-la a como ilustração do texto. Depois de postada, passando o cursor pela foto, vi que tratava-se de manifestantes em Barcelona, comemorando o campeonato de seu time de futebol. Senti um vínculo global envolvendo o texto, a foto, os fatos,  a minha escolha e mantive a foto da Espanha sobre uma manifestação no Brasil. 

Horas depois, recebo de Erica as lúcidas e globais palavras de meu guru Eduardo Galeano: 

"Me parece justa esta explosión de los indignados en Brasil. Y mucho se parece, por su vocación de justicia, a otras manifestaciones que en estos últimos años están conmoviendo a muchos países en muchos lugares del mundo.
El pueblo brasileño, el más futbolero de todos, se niega a seguir aceptando que el fútbol se utilice como coartada para humillar a muchos y enriquecer a pocos. Esta fiesta, fiesta de las piernas que la juegan y los ojos que la miran, es mucho más que el gran negocio de los señores que la dirigen desde Suiza. El más popular de los deportes quiere servir al pueblo que lo practica. La violencia de la policía no podrá apagar ese fuego."


sexta-feira, 21 de junho de 2013

O vandalismo da repressão.

Qzb




O governo, os políticos, a imprensa patronal e os abastados não estão compreendendo as recentes manifestações populares, pelo país a fora, muito menos a extensa pauta de reivindicações, que acordaram o povo brasileiro de mais de 500 anos de profunda letargia.

É óbvio que eles não podem entender, pois os governantes estão com os bolsos cheios de propina paga por empresários; os políticos estão com os bolsos entupidos de dinheiro desviado dos cofres públicos, robustamente abastecidos com o dinheiro dos tributos, que penalizam e sangram apenas os pensionistas, os assalariados, os estudantes, os biscateiros e os desempregados. E os abastados não têm mais o que encher, de tanto dinheiro arrancado do mísero salário do proletariado.

A maior e a pior de todas as violências é a fome, qualquer fome, principalmente a fome institucionalizada, como é a fome do povo brasileiro. A fome é o vandalismo da usura, que agrava e aumenta a desigualdade social.

Toda vez, e são muitas as vezes, que a covarde repressão do Estado agride o povo desarmado, clamando por seus direitos e por melhores condições de vida, o Estado não está a defender o patrimônio, seja ele público ou privado, mas sim assegurando a impunidade dos corruptos e o vandalismo da usura. Violência gera violência e a violência do Estado contra a população provoca e atiça a reação violenta, humana e justa, dos explorados.

A sábia Lina Bo Bardi, durante os anos de chumbo e sangue, que foram os malfadados anos da ditadura militar, disse que o que falta ao Brasil é a violência popular de base, que prenuncia as grandes mudanças em um país.  

Não houve por parte do povo norte americano reação violenta alguma, às violências sofridas antes, durante e após as recentes manifestações em Wall Street e nada mudou. Tudo continua piorando para esse povo, no panorama da exploração e da desigualdade social dessa enorme e decadente locomotiva neo liberal.

Por aqui a imprensa patronal brada e estigmatiza uma minoria de “vândalos”, identificados entre os manifestantes. Receber tiros de balas de borracha, pimenta nos olhos e gás tóxico nos pulmões é muito fácil de suportar estoicamente, quando não se têm presas no corpo e na alma os grilhões da desigualdade e da injustiça social.


Mas somente no dia em que a reação dos “vândalos” oprimidos for igual ou maior do que à dos vândalos repressores, o Brasil será o país sem corruptos e com serviços públicos à altura da dignidade da pessoa humana, isto é, um país no padrão FIFA, em que o nosso povo sonha viver e jogar o bom futebol de Neymar.

Os inevitáveis caminhos do desencontro.






Sem educação, sem instrução e sem conhecimento, porque não é informada, a maioria de nós sofre de algum tipo de doença, porque consome alimentos e produtos farmacêuticos nocivos.

É de pacifico conhecimento cientifico que o nosso organismo, ao metabolizar o açúcar, usa e esgota a reserva de cálcio de nosso corpo, fragilizando os ossos e provocando depressão.

Também é do conhecimento cientifico que a maioria dos produtos farmacêuticos contém substancias sintéticas, incompatíveis com o nosso metabolismo e que, após mascarar um sintoma de doença, não são eliminadas do nosso corpo, permanecendo encasuladas nas células, que se degeneram com o tempo, provocando tumores malignos, chamados popularmente de câncer.

Portanto, sem educação, sem instrução, sem conhecimento e sem informação, a maioria de nós está enferma, abatida por drogas lícitas e por consumo de alimentos processados. Os primeiros sinais visíveis da doença são o excesso de peso, barriga dilatada, displasia, obesidade - que já é uma pandemia - porque nós vivemos mal e somos pessimamente remunerados e tratados como mercadorias descartáveis, com a missão social de consumir tudo que a propaganda sugere, para o bem e a riqueza de quem nos explora.

E foi com muita tristeza que escrevi os versos do inevitável caminho do nosso desencontro, em homenagem às lindas, doces, e meigas musas da minha mocidade, vítimas da gula, da usura do obeso sistema neo liberal, que só prioriza, ampara e protege o lucro e o mercado.



Os inevitáveis caminhos do desencontro.

Lindas, soltas, inteligentes,
as envolventes, sedutoras, rebolantes
adolescentes aqui da ilha
abraçavam-me como o pai
que elas gostariam de ter,
enquanto eu, seduzido e torturado
no desprezo de tão formidável encanto,
só pensava em casar com uma delas,
para parar de tanto de amor sofrer.

Mas o tempo,
no seu inexorável e terrível caminhar,
foi pintando mais azul
o mar em volta da ilha
e de branco os meus cabelos
de fios ruivos, negros e castanhos,
como os castanhos cabelos de minhas filhas.

E hoje, sexagenário e fiel,
estou casado indissoluvelmente
até o meu fim
com a minha única companhia,
adorável e possível,
que sou eu mesmo para mim.

Maduras, rechonchudas, peitudas e enfermas,
barrigudas imagens de uma decadência descontrolada,
muito triste e desnecessária de se viver,
as deslumbrantes meninas de outrora
que, apartadas de seus encantos,
perderam-se no caminho,
desistindo de um envelhecimento tranquilo,
 saudável como o meu,
 elas entendem somente agora
que sou o homem, o amante, o marido,

que sempre sonharam ter.