quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aquartelamento e greve. Reflexões sobre mais um crime militar.



A diferença entre uma pessoa consciente e uma alienada é que a pessoa consciente sabe que numa sociedade competitiva, consumista, escrava da usura do mercado, nada, nem ninguém, nos protege. Cada um de nós é que precisa se proteger de tudo e de todos que agem contra nós, contra a nossa vida, contra o nosso bem estar e a nossa segurança. E há um sistema global agindo contra a nossa qualidade de vida, ameaçando a nossa existência, para lucrar com isso.

Por exemplo, quem é consciente e bem informado já leu o livro 100 anos de mentira de Randall Fitzgerald e se protege contra a ação da indústria farmacêutica, da indústria química, da indústria de alimentos e do uso e consumo desses produtos, que estão nos envenenando, nos deformando, nos tornando obesos, mortalmente feridos e doentes.

Infelizmente, quem vive na Bahia transforma-se numa ilha, cercada de festas por todos os lados, onde não se leva nada a sério. Quem é alienado desfruta e quem é consciente padece com essa realidade.

Por exemplo, quem vive na Bahia assiste passivamente e se omite diante de policiais militares, com vocação para bandido, imitar traficantes de morro carioca e, com armas em punho, sair atirando contra a população, sequestrando ônibus e expulsando passageiros, para usar esses veículos no bloqueio de uma movimentada avenida, por onde supostamente circulam cidadãos a caminho de casa, a caminho do trabalho ou de outros compromissos, impossibilitando também a livre circulação de ambulâncias socorrendo enfermos.

Quem foi eleito para nos governar também não está percebendo, nem se interessando com a gravidade da situação que estamos vivendo, ocupando-se exclusivamente com as festas e com o o seu lucrativo comércio.

Todo lugar onde existe governo e as leis são cumpridas, a paralização de militares por melhores condições de vida se dá dentro dos quartéis e isso se chama aquartelamento. Porque é justo fazer um aquartelamento por salário digno da relevância do trabalho, mas é crime militar fazer greve e crime hediondo fazer o que um grupo de bandidos fardados está fazendo na Bahia.

E por que isso está acontecendo? Isso só acontece porque a Bahia vive uma crise de falta de governo, de falta de comando. Hoje e sempre quem nos governa não faz nada além de arrecadar tributos para aplicar o dinheiro público em obras superfaturadas, ou fazer privatizações escandalosas.

A crise é de falta de comando. Não há comandante no Estado, nem na prefeitura da capital do Estado e muito menos na Polícia Militar.

Sem comando, policiais viram facilmente bandidos, porque, armados por nós, eles não são devidamente instruídos, treinados, orientados e formados pelos seus superiores.

Politicamente, pouco mudou na Bahia após décadas de governo autoritário neoliberalista elitista do oligarca baiano e capacho da ditadura militar, Antonio Carlos Peixoto de Magalhães e seus “Carletes”, comparando-se com o atual governo neoliberalista populista de Luiz Inácio Lula da Silva, operário pernambucano, oriundo da pobreza, e seus e suas “Luletes”, a não ser uma considerável melhoria salarial e funcional, mas, mesmo assim, mantendo um padrão salarial e funcional muito abaixo daquilo que se pode chamar de humano.

Os policiais militares, como todos os demais assalariados da base da pirâmide social, ganham apenas o necessário para se alimentar e continuar vivo. O soldado com maiores e justas aspirações precisa fazer “bico”para empresários ou traficantes, o que, na prática, é a mesma coisa.

Agora vamos imaginar o que fariam conosco esses policiais sem comando, se nós, professores, estudantes, profissionais da saúde, servidores em geral, bloqueássemos uma avenida, com arma em punho, sequestrássemos ônibus e aterrorizássemos seus passageiros?

Por fim, devemos lembrar que é inútil cobrar atitudes, promessas e compromissos de alguém, principalmente se esse alguém é um político. A pessoa consciente sabe que a pessoa humana só é fiel ou infiel a si própria.

Por exemplo, a minha mulher, a minha companheira, a mulher que está no meu coração, está na minha cabeça e na minha cama. Essa companheira pode valer mais do que dez outras mulheres banais e, normalmente, é o que acontece, mas ela é uma só.  E só ela está no meu coração, na minha cabeça e na minha cama. Se assim não for, estarei sendo infiel a mim e a meus princípios.

Fora disso, estamos aqui na Bahia, no meio de uma greve de policiais militares e, nesse oceano de festas, somos passageiros de uma nau sem rumo, de um avião sem piloto.