Prólogo:
Plutocracia
é o governo do grupo mais rico, para o grupo mais rico e pelo grupo mais rico.
Na prática, plutocracia é governar para o grande capital, para a moeda e para o
mercado, de modo a proteger o patrimônio dos mais ricos, garantir-lhes a
acumulação de riqueza e assegurar o lucro insustentável, na base do custe o que
custar, isto é, na base da completa desvalorização do trabalho e da degradação
do meio ambiente.
Até a
mal chamada Revolução Industrial, a plutocracia lidava com uma economia global
muito simples, que se resumia a atividades mercantis, envolvendo produtos
agrícolas, produtos artesanalmente manufaturados e minérios.
Com o
advento da Revolução Mecânica, decorrente da invenção e do uso em larga escala da
propulsão à vapor, as atividades mercantis, os bens comercializados e as
relações de produção tornaram-se mais complexas.
Pedindo
desculpas aos mais devotamente fanáticos, usaremos uma santa imagem bíblica
para ilustrar esse diabólico processo de transformação do mundo, após a idade
média.
A
sacrossanta Revolução Mecânica, concebida sem pecado original pela casta e
virgem propulsão à vapor, deu à luz a redentora industrialização, fato ou feto
que induziu a plutocracia – uma espécie de prima muito mais velha de tudo – a gestar,
parir e criar o liberalismo econômico, o chamado capitalismo, para batizar o
mundo com o espírito de uma nova era.
A
lavanderia STF:
Agora
acompanhemos com atenção o que está acontecendo por aqui e por ali, nesses
últimos tempos.
Espoliado
pelo sistema neoliberal, tanto o velho elitista, quanto o novo populista, o
Brasil vive acorrentado ao atraso, por meio de uma política econômica de país
pobre, pré-industrial, cem por cento colonial, para que os mais ricos gigolôs
da superfície e do subsolo da magnífica terra brasileira lucrem mais e acumulem
sempre mais, com a exportação de minérios e de produtos agropecuários, enquanto
a população, alienada e mal instruída por imposição do sistema, continue
vivendo na barriga da miséria, com todo orgulho de ser brasileira, comendo o
pão que o diabo amassou e assistindo muito circo mambembe.
Durante
o chamado tempo da guerra fria, o individualismo competitivo, a ambição, o
egoísmo, a ganância e a usura do sistema capitalista tinham um freio limitador
de sua crueldade, representado pela ditadura comunista da União Soviética. Com
o esfacelamento dessa união, os países do extinto bloco soviético foram todos
cooptados pelo capitalismo, mediante a falsa promessa neoliberal de democracia
com bem estar social.
Sem
mais qualquer resistência aos seus desígnios, a usura dos mais ricos levou os
novos e velhos países capitalistas a um colapso global.
É
amplamente visto que onde há essa explosiva combinação de iniciativa privada
com a democracia deformada pela plutocracia, haverá sempre corrupção e impunidade
seletiva, como meio de assegurar a burocratas mal remunerados e aos pobres
alçados ao poder pelo voto popular um caminho livre para se tornarem ricos
rapidamente, desviando dinheiro público. Foi assim que os filhotes civis e
militares da ditadura ficaram bilionários. E também foi por esse caminho que alguns
dos que militaram pela volta do estado democrático de direito e pela
restauração das eleições diretas já ficaram bilionários, depois que chegaram
ao poder pelo voto popular e foram cooptados pelo sistema, a exemplo de Fernando
Henrique Cardoso, José Serra, José Dirceu, José Genoíno, Lula e família.
Só que
agora existe uma enorme diferença entre esses políticos cooptados e os réus do
julgamento do mensalão, no que diz respeito ao uso de sua fortuna imunda e à
exposição de seus sinais exteriores de riqueza: Fernando Henrique, José Serra, Lula
e família precisam ser discretos e gozar a sua fortuna na clandestinidade. Já
José Dirceu, Genoíno e a turma de mensaleiros, julgados e condenados pelo
Supremo Tribunal Federal da plutocracia, obtiveram um salvo conduto legal para
viver a sua dolce vita ao bel prazer,
desfrutando como quiserem de sua riqueza lavada. Roubaram bilhões, mas foram
punidos com brandas penas privativas de liberdade noturna e ridículas penas
pecuniárias de valor irrisório, que os obrigam a devolver apenas alguns tostões
dos bilhões que comprovadamente furtaram do povo.
Durante
o julgamento dos réus do mensalão, a farsa dos ministros do Superior Tribunal Federal
foi objeto de ampla cobertura pela grande imprensa patronal. Assim, pudemos
acompanhar algumas discussões pedantes e doutorais, onde ficou evidente a falta
de consenso quanto ao que seja lavagem de
dinheiro.
Pois
bem, lavagem de dinheiro é isso que os supremos magistrados fizeram impunemente
de permitir a José Dirceu, Genoíno e a turma do mensalão de usar e desfrutar, sem
medo e sem culpa, de sua fortuna, que nasceu imunda e ficará bem lavada e muito
limpa, depois que os famosos réus passarem na cadeia o tempo necessário para
escreverem com capricho as suas memórias, que resultarão em grandes sucessos de
público e de venda.
Essa é,
portanto, a suprema lavagem de dinheiro, com a qual nem mesmo o colega Nicolau
dos Santos Neto, o famoso juiz Lalau, teve a ventura de ser contemplado.
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