O
governo, os políticos, a imprensa patronal e os abastados não estão
compreendendo as recentes manifestações populares, pelo país a fora, muito
menos a extensa pauta de reivindicações, que acordaram o povo brasileiro de
mais de 500 anos de profunda letargia.
É óbvio que eles não podem entender, pois os governantes estão com os bolsos cheios de propina
paga por empresários; os políticos estão com os bolsos entupidos de dinheiro
desviado dos cofres públicos, robustamente abastecidos com o dinheiro dos tributos,
que penalizam e sangram apenas os pensionistas, os assalariados, os estudantes,
os biscateiros e os desempregados. E os abastados não têm mais o que encher, de
tanto dinheiro arrancado do mísero salário do proletariado.
A maior
e a pior de todas as violências é a fome, qualquer fome, principalmente a fome
institucionalizada, como é a fome do povo brasileiro. A fome é o vandalismo da
usura, que agrava e aumenta a desigualdade social.
Toda
vez, e são muitas as vezes, que a covarde repressão do Estado agride o povo desarmado,
clamando por seus direitos e por melhores condições de vida, o Estado não está
a defender o patrimônio, seja ele público ou privado, mas sim assegurando a
impunidade dos corruptos e o vandalismo da usura. Violência gera violência e a
violência do Estado contra a população provoca e atiça a reação violenta,
humana e justa, dos explorados.
A sábia
Lina Bo Bardi, durante os anos de chumbo e sangue, que foram os malfadados anos
da ditadura militar, disse que o que falta ao Brasil é a violência popular de
base, que prenuncia as grandes mudanças em um país.
Não
houve por parte do povo norte americano reação violenta alguma, às violências sofridas
antes, durante e após as recentes manifestações em Wall Street e nada mudou. Tudo
continua piorando para esse povo, no panorama da exploração e da desigualdade
social dessa enorme e decadente locomotiva neo liberal.
Por
aqui a imprensa patronal brada e estigmatiza uma minoria de “vândalos”, identificados
entre os manifestantes. Receber tiros de balas de borracha, pimenta nos olhos e
gás tóxico nos pulmões é muito fácil de suportar estoicamente, quando não se têm
presas no corpo e na alma os grilhões da desigualdade e da injustiça social.
Mas somente
no dia em que a reação dos “vândalos” oprimidos for igual ou maior do que à dos
vândalos repressores, o Brasil será o país sem corruptos e com serviços públicos
à altura da dignidade da pessoa humana, isto é, um país no padrão FIFA, em que
o nosso povo sonha viver e jogar o bom futebol de Neymar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário