O
Direito é a vontade dos mais fortes. Numa nação de covardes, os mais fortes são
os mais ricos. Os honestos são ridicularizados, os valentes são massacrados, os
fracos e os indecisos são cooptados e os pobres são comprados por algumas
moedas, talvez umas trinta delas.
Numa
nação de valentes, o poder vem da força e a força vem da união da maioria,
enquanto que numa nação de covardes o poder vem do dinheiro, concentrado nas
mãos de uma minoria.
Política
é o exercício do poder sobre o Estado, sobre a coisa pública. Numa nação de
valentes, o poder político é exercido por autênticos representantes da maioria
e apenas isso se chama democracia. Numa nação de covardes, o poder político é
exercido por representantes da minoria rica, eleitos pelo voto comprado da
maioria pobre e alienada e a isso se dá vários nomes. O nome mais usado
atualmente é neoliberalismo. O nome que prefiro usar é ditadura da politicagem.
Pois
bem, desde a invasão portuguesa em 1500, o Brasil vive a ditadura da
politicagem, ora liderada por nobres civis oriundos de Portugal, ora por
oligarcas civis sem nobreza alguma, ora liderada por militares sanguinários e
obtusos, mas todos esses líderes são subordinados ao poder de quem tem o
dinheiro, preferencialmente dinheiro estrangeiro. Porque é esse dinheiro de
fora que compra tudo, principalmente a honra e a dignidade de civis e militares,
que querem ter o bastante para viver bem, sem trabalhar.
O povo
brasileiro resiste a tudo isso, esse tempo todo, porque é forte e não desiste
da vida, principalmente o povo favelado e o relutante mestiço sertanejo, que,
desamparados, sertanejos e favelados, enfrentam a miséria, a pobreza, o
desemprego, as secas, as inundações e as promessas dos políticos, que
representam os que lucram com tudo isso.
No
Brasil, desde 1500, a nossa elite é uma lástima. Sempre talhada à sua vocação
de ser gigolô das vacas, das galinhas, das terras e das aplicações financeiras,
isentas de impostos.
Recentemente,
essa elite, que entrega as terras e as indústrias brasileiras a aventureiros
estrangeiros, ávidos por lucros imediatos e absurdos, loucos para eliminar a
concorrência e aptos a promover a desindustrialização do país, foi surpreendida
por um homem do povo, vindo lá do sertão, um torneiro mecânico, analfabeto
funcional, que inventou e viabilizou o neoliberalismo populista, usando a
ditadura da politicagem para se tornar um novo rico cooptado, dando um “rabo-de-arraia”
nos doutores entojados da plutocracia brasileira, dilacerando o sonho de poder
eterno, acalentado por esses anêmicos políticos neoliberais elitistas.
Sua
aprendiz e sucessora na Presidência da República mandou escrever na propaganda
de seu governo que “país rico é país sem pobreza”. Isso é verdade, mas se torna
uma meia verdade, uma inteira hipocrisia, se não for encarada mais de perto, porque
a ausência de pobreza é uma consequência e não uma causa da riqueza bem
distribuída.
De
imediato, é preciso definir o que é um país rico. De acordo com a melhor definição
que conhecemos, país rico é o que domina a pesquisa, a tecnologia e os
processos de produção e vende ao mercado mundial máquinas, equipamentos e
produtos de alto valor agregado, essenciais ao progresso e ao desenvolvimento
sócio-econômico e compra, a preço de banana, matérias primas e produtos
primários, como grãos, minérios e as próprias bananas.
Desde
1500, o Brasil é um país pobre, com incalculáveis riquezas naturais, mas colonizado
por suas elites para continuar pobre, através de uma política econômica que é a
mesma praticada até hoje, que o obriga a fazer o oposto de um país rico, vendendo
matérias primas, produtos agropecuários, minérios e bananas, tudo a preço de bananas
e comprando produtos industrializados de alto valor agregado, geralmente a
preços exorbitantes.
Para
que isso continue assim como está e como sempre foi, o modelo neoliberal,
aplicado por aqui, impõe que o povo brasileiro seja tratado como bicho
abandonado, sem instrução, sem assistência médica, sem teto, sem trabalho e sem
chão, encenando o seu papel de massa de manobra, de bucha de canhão, de amassar
barro para os faraós, na farsa democrática de vender seu voto a políticos
safados, representantes das elites.
É dessa
forma que a minoria ruralista do agronegócio consegue maioria no congresso para
continuar desmatando as nossas florestas, envenenando o nosso ar e os nossos
mananciais, concentrando riqueza e acorrentando o país à pobreza e ao atraso.
É por
isso que esses políticos safados, que estão ai na fita, jamais votarão as
reformas sociais de base, para preservar e valorizar os nossos recursos
naturais e o meio ambiente, mudar a política econômica e livrar o nosso povo e
o nosso país do atraso e da pobreza atávicos.
Por enquanto,
a única chance e a única arma democrática que temos é o voto nulo.
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