Camila Pitanga,
linda, oportuna e consciente, quebrou o protocolo e cumpriu o seu papel de
cidadã ativa, por ela e por todos nós alienados, passivos e submissos assalariados
complacentes.
A classe
abastada brasileira é medíocre. No Brasil os ricos não conseguem e nem se
arriscam a tentar ser qualquer coisa distinta de meros gigolôs e predadores usurários
da terra, do gado, do meio ambiente, dos recursos naturais e dos assalariados.
São e continuam sendo essa coisa nefasta que sempre foram desde a invasão
portuguesa em 1500.
Por
irresponsabilidade exclusiva dessa elite infame, temos até hoje a mesma
economia e a mesma política econômica que tínhamos no Brasil colonial. Continuamos
sendo um país exportador de produtos agrícolas primários e de matérias primas e
importadores de produtos industrializados. Essa é a política econômica de quem
é pobre, como uma vistosa e folclórica baiana do acarajé: vende barato o seu
produto primário e compra caríssimos produtos industrializados. País rico faz o
contrário.
E permanecemos
sempre nessa pobreza e atraso, incompatíveis com o valor e volume de nossas riquezas
naturais, devido à manutenção de sistemas eleitoral e jurídico anacrônicos, através
do qual os ricos controlam a justiça e o congresso nacional. Eleitos pela maioria
pobre, os congressistas ricos, filhotes ou descendentes de filhotes da ditadura,
e os novos políticos, que seguem a mesma cultura de ficar ricos rapidamente, defendem
apenas os interesses do seu bolso e da minoria abastada, dona do dinheiro sujo
que compra voto e paga propina.
No campo, o
agronegócio concentra riqueza e causa devastação, para exportar produtos primários.
De acordo com o Instituto Nacional Contra o Câncer, somente este ano haverá mais
de 1 milhão de novos casos de Câncer na população brasileira e 400 mil óbitos,
decorrentes do uso de agrotóxicos pelo agronegócio.
Hoje o
agronegócio gera divisas para o bolso dos ruralistas. E qual será a alternativa
ao agronegócio dos ricos para a geração de divisas para o país?
O modelo de
reforma agrária que temos e defendemos, e que os ricos fingem que combatem, foi
inventado na Rússia no final do século 19 por Piotr Stolypin, Primeiro Ministro
e conselheiro do Czar Nicolau II.
Cansados de
serem explorados, assim como se deu em Canudos na mesma época, os trabalhadores
rurais abandonaram as fazendas da aristocracia russa e fundaram Comunas Agrícolas
multi familiares, baseadas no trabalho solidário e na propriedade coletiva da
terra e dos meios de produção.
Enquanto os
fazendeiros amarguravam a decadência, as Comunas Agrícolas prosperavam,
concentravam riqueza e financiavam a construção de fábricas, viabilizando a
revolução industrial na Rússia.
Diante da iminente
falência da aristocracia rural e do Império Czarista, Piotr Stolypin propôs que
o Czar e toda a nobreza doassem metade das suas melhores terras para o seu plano
de reforma agrária, que consistia em dividir as mais férteis terras russas em
glebas unifamiliares, para atrair a mão de obra das Comunas Agrícolas, porque Stolypin
sabia que os genes da usura, da ambição e do apego ao meu é mais forte e mais presente no sangue humano do que o gene do
desapego, da igualdade e da libertação naquilo que é de todos, no repartir tudo que é nosso.
Diante da
inicial objeção da nobreza, Stolypin vaticinou que se a metade de suas terras
não fosse entregue imediatamente, não restaria à nobreza terra alguma em curto
prazo. E assim foi feita a nossa reforma agrária na Rússia czarista, provocando
a decadência das Comunas Agrícolas com a evasão de mão de obra para as fazendas
de terras férteis, doadas pelo império. Com o tempo, alguns novos proprietários
rurais, os mais eficientes e produtivos, foram adquirindo as terras de seus
vizinhos, que migraram para se embriagar nas cidades e aumentar a legião de
desempregados que avilta ainda mais o salário dos operários.
Da forma como
foi aprovado pelos políticos comprados por ruralistas, o novo Código Florestal
é uma aberração e um atentado ao futuro do Brasil. É a aceitação da condenação
definitiva do país ao atraso permanente, à desigualdade e à pobreza, inerentes
aos povos colonizados.
Ao
neoliberalismo populista de Lula e Dilma só restam dois caminhos: redirecionar o
projeto de reforma agrária para a criação de Comunidades Agrícolas multi familiares,
baseadas no trabalho solidário e na propriedade coletiva da terra e dos meios
de produção, para banir o agrotóxico de nosso país e produzir alimentos
orgânicos e produtos agrícolas manufaturados artesanalmente, como, por exemplo,
os derivados do gergelim e do algodão naturalmente colorido, desenvolvido pelo
professor Napoleão Beltrão na Embrapa de Campina Grande, para abastecer o
mercado interno e para exportação, bens essenciais com grande valor agregado e demanda
reprimida no mundo inteiro, por escassez de produção, ou então lançar o país de
uma vez no abismo da decadência e da miséria, fruto da incompetência e da usura
da elite brasileira.
Veta, Dilma.
Veta!
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