Fernando Gabeira publicou um artigo no jornal Estado de São Paulo que é um verdadeiro
manifesto para a criação de associações distritais de eleitores, com o objetivo de debater projetos políticos e representatividade com seus candidatos, visando impedir que
políticos eleitos, comprometidos e apoiados por essas associações, representem o seu próprio bolso nos executivos e nos parlamentos.
Essas associações distritais deverão ter uma federação estadual e uma
confederação nacional, como a poderosa CBF no futebol.
Claro que haverá diversidade de associações, na medida em que elas sejam
formadas por patrões ou por assalariados. O mais importante é que os políticos
eleitos representem os interesses de quem lhes deu um mandato e os colocou no
poder. E que a opinião da maioria prevaleça, em vez da usura dos fraudadores de
licitações e de compradores de votos judiciários e mensaleiros.
As associações tornarão obsoleto o famigerado financiamento privado
de campanhas políticas.
Certamente isso também facilitará a realização das emperradas reformas estruturais no
pais, que permanece na pobreza, no atraso e na desigualdade social por culpa de
um modelo de produção baseado na monocultura predatória do meio ambiente, na
mineração predatória dos recursos naturais e na exportação subfaturada de
produtos primários, velho e surrado modelo republicano das elites, muito pior do que aquele que se praticava no
Brasil colônia e no Brasil império.
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Paris é uma festa
29.04.2012 | 09:33
Na sexta feira, publiquei um artigo no Estadão, O Fator Delta, afirmando que existia uma conspiração de muitos poderes em torno de Sérgio Cabral no Rio.
Cabral levou seis anos descobrindo o mundo e jamais tinha visto uma reportagem, com texto e fotos, sobre suas luxuosas aventuras internacionais.
Na quinta feira à noite, participei de um debate com Alan Riding, correspondente cultural do New York Times na França, para o lançamento do seu livro “Paris, a Festa continuou”. Foi na livraria Travessa do Leblon.
O livro tem no titulo uma clara alusão ao célebre Paris é Uma Festa, de Ernest Hemingway. Mas fala de como os franceses e parisienses continuaram se divertindo, mesmo durante a ocupação militar alemã.
As duas atividades se entrelaçaram com a revelação, pelo Blog do Garotinho, de alguns vídeos mostrando a intimidade do dono da Delta, Fernando Cavendish, com Cabral, no suntuoso restaurante do hotel Ritz, que, por sinal, também foi usado pelo estado maior alemão.
Como sabem, o TRE tirou meu programa partidário do ar, em 2010, e determinou multa por ter falado da amizade Cavendish-Cabral.
Não preciso falar muito. Nem fazer legenda para a foto dessas mulheres exibindo em Paris os sapatos Christian Louboutin, que custam até R$ 10 mil reais.
Elas o exibem como os caçadores exibem a cabeça de um leão, um troféu valioso que vale ser mostrado. Não costumo fazer legenda para fotos eloquentes. Lembro apenas que além de mulher do governador, Sra. Adriana Ancelmo, está nessa foto a mulher do Secretario de Saúde Sérgio Cortes. Ele, aparece também, numa outra foto, com uma toalha na cabeça dançando ao lado de Cavendish.
Toda minha campanha foi feita para denunciar os laços de Cabral com as empreiteiras. Fiz até programas na obra estagnada do Arco Metropolitano.
Mas o centro mesmo era a corrupção na saúde, com Toesas e Locantys, botando para quebrar. Sérgio Cortes foi protegido pela Globo que interrompeu uma série de reportagens sobre corrupção na saúde para não influenciar as eleições e enfraquecer Cabral.
Corrupção na saúde mata. A mesma Globo fez uma excelente reportagem mostrando como funcionam as licitações nos hospitais públicos. Mas as investigações não avançaram. As empresas deram a impressão de que tudo era culpa de seus funcionários açodados que queriam fechar negócio de qualquer maneira.
E o governo fingiu que não era com ele. Os fatos durante a campanha e agora em 2012 revelam que a corrupção na saúde continuou.
Sérgio Cortes com a toalha na cabeça e sua mulher exibindo sapatos caros em Paris me indignam porque ele comanda a saúde no Rio.
Um estado que convive alegremente com a corrupção na saúde, enquanto os responsáveis pelo setor festejam em Paris, chegou a um ponto de degradação interna que só um grande movimento popular pode superar.
A Assembleia está com eles, a grande imprensa está com eles, o judiciário está com eles. As eleições mostraram que a maioria da população também está. Será que ela continuará com eles, mesmo sabendo de tudo?
Nesse caso, um dos caminhos é o exílio na própria cidade.
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