O país inteiro
acompanha solidário pela TV a luta do filho de um cantor famoso para sobreviver
de mais um trágico acidente rodoviário. É uma luta titânica, mas é assistida
por médicos, paramédicos, uma equipe imensa, dedicada e eficiente ao máximo,
que conta com a mais avançada tecnologia de diagnóstico, tratamento e
logística.
Cada um de nós
torce à sua maneira para que o rapaz sobreviva sem sequelas, enquanto sentimos confiança
e temos orgulho da capacidade da medicina brasileira e do transporte de
enfermos de alto risco em lidar com ocorrências de tamanha gravidade.
É reconfortante
acompanhar o cuidado dedicado ao acidentado, nos hospitais, no transporte e translado,
de Goiânia até o mais avançado hospital do país, localizado em São Paulo.
É
impressionante ver a qualidade e a precisão de toda logística e a eficiência
dos batedores da polícia no acompanhamento da ambulância do aeroporto ao
hospital, como é reconfortante ver a imprensa assídua e dedicada em nos
informar a situação do jovem em tempo real.
Mas nos vem uma
pergunta: qual seria o tratamento dado pela nação brasileira a um cidadão
comum, vítima de acidente semelhante?
A resposta não
sabemos, porque a imprensa não divulga. Não sabemos quanto tempo uma vítima anônima
ficaria estendida no asfalto à espera de socorro médico, nem para que tipo de
hospital seria levada, nem se haveria neurologistas de plantão no hospital e
vaga na UTI, ou se o desconhecido acidentado ficaria esquecido numa maca na
enfermaria superlotada, ou nos corredores do hospital.
Mas nós,
assíduos telespectadores e leitores apaixonados pelas revistas Veja da vida,
precisamos saber que em Cuba, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega e na Finlândia,
países socialistas, que tributam sem regalias e com justiça social os seus
cidadãos, o Estado socorre os acidentados, todos eles da mesma maneira
eficiente e avançada como estamos vendo aqui no nosso país, sejam eles membros
da aristocracia, da classe abastada, ou do proletariado.
Não nos
ensinaram, não conhecemos, nem compreendemos o que seja, mas isso que existe em
Cuba, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega e na Finlândia e em todos os países socialistas, chama-se igualdade
social e igualdade social não é utopia!
Enquanto tudo
isso acontece, eu continuo a minha procissão solitária de idoso selvagem,
acompanhado apenas pela música sublime de Stravinsky, sem acreditar em Deus,
sem religião, mas com muita fé na vida!
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