A diferença
entre uma pessoa consciente e uma alienada é que a pessoa consciente sabe que
numa sociedade competitiva, consumista, escrava da usura do mercado, nada, nem
ninguém, nos protege. Cada um de nós é que precisa se proteger de tudo e de
todos que agem contra nós, contra a nossa vida, contra o nosso bem estar e a nossa
segurança. E há um sistema global agindo contra a nossa qualidade de vida, ameaçando
a nossa existência, para lucrar com isso.
Por exemplo, quem
é consciente e bem informado já leu o livro 100 anos de mentira de
Randall Fitzgerald e se protege contra a ação da indústria farmacêutica, da
indústria química, da indústria de alimentos e do uso e consumo desses produtos,
que estão nos envenenando, nos deformando, nos tornando obesos, mortalmente feridos
e doentes.
Infelizmente, quem vive na Bahia transforma-se numa ilha, cercada de festas por todos os lados,
onde não se leva nada a sério. Quem é alienado desfruta e quem é consciente
padece com essa realidade.
Por exemplo,
quem vive na Bahia assiste passivamente e se omite diante de policiais militares,
com vocação para bandido, imitar traficantes de morro carioca e, com armas em
punho, sair atirando contra a população, sequestrando ônibus e expulsando
passageiros, para usar esses veículos no bloqueio de uma movimentada avenida,
por onde supostamente circulam cidadãos a caminho de casa, a caminho do
trabalho ou de outros compromissos, impossibilitando também a livre circulação
de ambulâncias socorrendo enfermos.
Quem foi eleito
para nos governar também não está percebendo, nem se interessando com a
gravidade da situação que estamos vivendo, ocupando-se exclusivamente com as festas
e com o o seu lucrativo comércio.
Todo lugar onde
existe governo e as leis são cumpridas, a paralização de militares por melhores
condições de vida se dá dentro dos quartéis e isso se chama aquartelamento. Porque
é justo fazer um aquartelamento por salário digno da relevância do trabalho,
mas é crime militar fazer greve e crime hediondo fazer o que um grupo de
bandidos fardados está fazendo na Bahia.
E por que isso
está acontecendo? Isso só acontece porque a Bahia vive uma crise de falta de
governo, de falta de comando. Hoje e sempre quem nos governa não faz nada além
de arrecadar tributos para aplicar o dinheiro público em obras superfaturadas,
ou fazer privatizações escandalosas.
A crise é de
falta de comando. Não há comandante no Estado, nem na prefeitura da capital do
Estado e muito menos na Polícia Militar.
Sem comando,
policiais viram facilmente bandidos, porque, armados por nós, eles não são devidamente
instruídos, treinados, orientados e formados pelos seus superiores.
Politicamente,
pouco mudou na Bahia após décadas de governo autoritário neoliberalista
elitista do oligarca baiano e capacho da ditadura militar, Antonio Carlos
Peixoto de Magalhães e seus “Carletes”, comparando-se com o atual governo
neoliberalista populista de Luiz Inácio Lula da Silva, operário pernambucano,
oriundo da pobreza, e seus e suas “Luletes”, a não ser uma considerável
melhoria salarial e funcional, mas, mesmo assim, mantendo um padrão salarial e
funcional muito abaixo daquilo que se pode chamar de humano.
Os policiais
militares, como todos os demais assalariados da base da pirâmide social, ganham
apenas o necessário para se alimentar e continuar vivo. O soldado com maiores e
justas aspirações precisa fazer “bico”para empresários ou traficantes, o que,
na prática, é a mesma coisa.
Agora vamos
imaginar o que fariam conosco esses policiais sem comando, se nós, professores,
estudantes, profissionais da saúde, servidores em geral, bloqueássemos uma
avenida, com arma em punho, sequestrássemos ônibus e aterrorizássemos seus
passageiros?
Por fim,
devemos lembrar que é inútil cobrar atitudes, promessas e compromissos de alguém,
principalmente se esse alguém é um político. A pessoa consciente sabe que a
pessoa humana só é fiel ou infiel a si própria.
Por exemplo, a minha
mulher, a minha companheira, a mulher que está no meu coração, está na minha cabeça
e na minha cama. Essa companheira pode valer mais do que dez outras mulheres banais e, normalmente, é o que acontece, mas ela é uma só. E só ela está no meu coração, na minha cabeça
e na minha cama. Se assim não for, estarei sendo infiel a mim e a meus princípios.
Fora disso,
estamos aqui na Bahia, no meio de uma greve de policiais militares e, nesse
oceano de festas, somos passageiros de uma nau sem rumo, de um avião sem
piloto.
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