O capitalismo, o apogeu da plutocracia, é um sistema econômico estruturado no individualismo competitivo e no livre mercado, para que, em sociedade, a maioria das pessoas passe privações, viva em dificuldade, na pobreza e na miséria, muitos sobrevivendo e morrendo como animais doentes e famintos, para que a minoria ostente alto padrão de vida e riqueza acumulada. Isso é nada mais nada menos do que o terrorismo do capital.
Uma função do Estado capitalista, nos países pobres, é manter a maioria da população na mais completa alienação e ignorância, tornando-a incapaz de avaliar o seu papel de cachorro na sociedade dos ricos, difundindo a ilusão de que a boa vida deles é acessível a qualquer pessoa, como a sorte grande numa pequena loteria. E isso se sustenta, porque o pobre, em geral, e especialmente o pobre de classe média fazem o faz o jogo dos ricos, submete-se à espoliação porque pensa que um dia vai deixar de ser boi para ser ferrão (instrumento de manejo de gado usado para tocar os animais na direção do matadouro).
No mundo capitalista, a ambição da minoria rica por lucros crescentes esgota recursos naturais, devasta o meio ambiente e provoca, ciclicamente, crises financeiras globais. Por isso, a outra prioritária providência do Estado terrorista do capital é promover guerras, a qualquer custo, que revigoram a economia capitalista de suas graves crises sistêmicas. Assim, em 1963, o estado terrorista foi hábil para assassinar sucessivamente o presidente John Kennedy, em fim de mandato, e o seu irmão Robert Kennedy, o virtual sucessor, porque ambos estavam firmemente empenhados em acabar com a guerra. E com a mesma eficiência o Estado terrorista norte americano forjou, em 2001, o auto ataque de 11 de setembro, para justificar a guerra contra o Iraque pelo controle da segunda maior reserva de petróleo do mundo.
Em suma, o sistema capitalista é a venerada instituição ferozmente protegida pelo Estado terrorista do capital. Consequentemente, nas sociedades capitalistas, quem for ativista do individualismo solidário e luta para buscar o bem comum, justiça e igualdade social é massacrado ou é cooptado pelo sistema.
Em 1964, o governo norte americano intervencionista conspirou abertamente contra a democracia brasileira, porque João Goulart, vice-presidente eleito pelo voto popular e reconduzido à presidência da república, em plebiscito, recusou-se a vetar a lei de remessa de lucros para o exterior, aprovada pelo congresso nacional.
Cooptada pelo capitalismo internacional, as forças armadas brasileiras deram o golpe de estado que depôs o presidente constitucionalmente eleito e instituíram a fase militar brasileira da ditadura do capital externo, para assegurar aos capitalistas globais, valiosas compensações, visando anular os efeitos práticos dessa lei soberana, e continuar atraindo investimento estrangeiro espoliativo. Entre outras ações terroristas, a ditadura do capital impôs o fim da estabilidade do operário brasileiro no emprego - que é a legalização da criminosa possibilidade da demissão sem justa causa, ou imotivada - juntamente com o arrocho salarial e a impunidade seletiva, esta para remunerar os mercenários colaboradores civis e militares da ditadura.
Naqueles dias de chumbo, quem lutou e deu a própria vida pela volta da democracia e pelo estado democrático de direito, contra esse massacre da população e da família brasileira, foi covardemente perseguido, teve seus direitos políticos cassados, foi caçado como bicho, preso e torturado ou assassinado, como foram Miguel Arraes, Dilma Roussef, Lamarca, Marighella, Herzog e tantos outros heróis brasileiros da democracia e da dignidade humana, ou foram cooptados pelo sistema, como ACM, FHC - que chegou a implorar para o povo esquecer tudo o que ele havia escrito, antes de revelar a sua verdadeira personalidade neoliberal elitista - e o repetidamente derrotado candidato presidencial José Serra.
Lembro bem da carreira política de um então aprendiz de oligarca, casado com uma parente de cacauicultores falidos, vivendo em dificuldades financeiras com a sua família, na época em que foi nomeado prefeito da capital e logo depois governador biônico do Estado, província que passou a ser sua. Ao deixar o primeiro mandado no governo do Estado, já oligarca formado, malvado e milionário, um diligente auditor fazendário apurou que, após a liquidação do contrato de câmbio, a doação de 15 milhões de dólares do governo norte americano para o departamento estadual de estradas simplesmente desapareceu no ar e nunca chegou ao seu pretenso destino, que seria o tesouro estadual.
Comunicado o fato ao ilustre sucessor biônico, este mandou instaurar o competente inquérito e seguiu para Brasília com as provas do crime do seu antecessor. Lá, na capital da ditadura, o governador biônico manteve o seguinte diálogo com o general ditador:
- Quem nomeou o seu antecessor, senhor governador?, indagou o ditador, que atendia pela alcunha de presidente.
- A “Revolução”, senhor presidente, respondeu o governador.
- E quem nomeou vossa excelência governador do Estado? , insistiu o ditador.
- A “Revolução”, senhor presidente.
- Então vossa excelência acha que esse inquérito deve chegar ao conhecimento da justiça e se tornar munição para os inimigos da “Revolução”?
- Absolutamente, senhor presidente, respondeu o novo governador.
- Então, senhor governador, queime esse inquérito e se isso lhe trouxer constrangimentos, eu aceito a sua demissão agora e nomeio outra pessoa para assumir cargo e dar um fim a essas provas, finalizou, impaciente, o ditador.
Com o mesmo caráter de hipocrisia deslavada, na atual campanha presidencial, uma revistinha semanal da imprensa patronal golpista, na desesperada tentativa de alavancar o desempenho do seu candidato, em humilhante desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, estampou na capa uma foto de Dilma Rousseff, confiscada dos porões da ditadura, para passar aos eleitores menos esclarecidos e mais desinformados a ideia de que o passado de militância política da candidata, na luta armada contra a ditadura de 1964, é uma mancha perigosa em seu currículo.
Essa hipocrisia da imprensa patronal golpista é a mesma usada pelos atuais candidatos neoliberais elitistas, que hoje se dizem lutar pela democracia e pelo estado democrático de direito e que ficam chocados com vazamentos de sigilo fiscal e estarrecidos com a corrupção, mas cujos partidos, e a classe a que representam, apoiaram incondicionalmente a sangrenta ditadura militar, com outros nomes e outras siglas, e foram regiamente pagos por esse serviço, com verbas públicas e com facilidades para fraudar licitações e abastecer contas pessoais em paraísos fiscais.
A maioria deles, com filhos, filhas, noras, genros, netas e netos, vazados ou não vazados, mas garantidos com a impunidade das pastas rosa¹ e por amigos no supremo tribunal, ostentam a riqueza de possuir bens suntuosos e patrimônios colossais.
¹ Pesquisem pasta rosa no Google, especialmente o boletim da liderança do PT na Bahia, que transcreve alguma coisa do que foi publicado na imprensa patronal.
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