Com o
propósito de revelar aos nossos leitores quais dentre os candidatos com chances
de vencer as eleições tem o propósito de governar de fato o Brasil e está
preparado para essa difícil e arriscada missão, há mais de 60 dias para Marina
Silva e há mais de 20 dias para Aécio Neves, Dilma Rousseff e Luciana Genro,
fizemos as mesmas perguntas.
É bom
lembrar que os dois presidentes eleitos pelo voto popular que assumiram esse
propósito, estavam preparados e desafiaram os interesses da plutocracia
brasileira, foram depostos e em seguida morreram misteriosamente.
Marina
Silva e Aécio Neves, que demonstram claramente representar os interesses da
tradicional plutocracia elitista, não responderam, nem deram satisfação, como
era de se esperar. Dilma Rousseff, que demonstra abertamente representar a nova
plutocracia populista, aperfeiçoada por Lula, respondeu que está muito
atarefada com a dupla função de presidente e candidata e que o blog Midia Libre
não foi incluído entre os veículos de comunicação selecionados para entrevistas
e debates. Também como era de se esperar.
Luciana
Genro, a única candidata aparentemente sem chances de se eleger, que encarou a
verdade e respondeu as perguntas.
Com essa
atitude, a candidata demonstra que tem mesmo o propósito de governar de verdade
e se mostra bem informada e preparada para essa arriscada missão.
Também
nos parece que Luciana Genro não tem medo da verdade. E quem tem medo de
Luciana Genro? Por quê? É a plutocracia e não ela quem se exibe e é horrenda,
cruel e assustadora.
Recentemente, a mídia patronal deu discreto destaque à declaração de
Eduardo Campos de que o mensalão do segundo mandato para FHC e o mensalão do PT
são farinhas do mesmo saco. Por outro lado, as pessoas instruídas, bem
informadas e bem intencionadas – que nos parece ser o perfil dos seus eleitores
– receberam com otimismo a recusa de Eduardo Campos ao apoio da bancada
ruralista, tropa de choque das forças conservadoras do colonialismo no
congresso nacional, responsáveis por manter o Brasil oprimido pela mesma
política econômica dos tempos da invasão européia em 1500, política econômica
de país pobre, exportador de produtos primários e importador de produtos
industrializados de alto valor agregado. Política econômica de país
“espoliado”, como diziam Miguel Arraes e Leonel Brizola, ambos esmagados pelo
colonialismo. Por mais relevante que seja, essa também se tornou uma questão
periférica.
A
questão central, que deve dominar
o debate político, se o debate for honesto e se houver mesmo vontade de
mudança, é a de que o Brasil é ingovernável por falta de dinheiro para
investimentos principalmente em segurança, saúde pública, educação, infra
estrutura rodo – hidro – ferroviária, portuária e aeroportuária. Apesar de uma
carga tributária gigante e injusta para os assalariados e da imensa
arrecadação, a falta de dinheiro decorre da parceria espúria que existe entre
os antigos e os atuais governantes com o sistema financeiro internacional. Essa
associação bandida, blindada pelos meios patronais de comunicação de massa, foi
ampliada por FHC e sua turma, coordenada por Pedro Malan, Armínio Fraga e
Murilo Portugal. Todos eles movidos por descomunal impulso de lesa pátria para
encher o bolso. Essa gang de carreiristas políticos ressuscitou uma imensa
dívida pública prescrita, para dividir entre banqueiros e políticos governantes
o dinheiro desviado do tesouro nacional. Com esse arranjo de FHC e seus
aliados, o Brasil paga diariamente aos banqueiros internacionais mais de dois
bilhões e meio de reais de juros indevidos, como provam a farta documentação
apresentada pelo Senador Severo Gomes no Relatório Preliminar da CPI da Dívida
Externa e a auditoria da dívida pública brasileira, coordenada por Maria Lucia
Fattorelli. Esse crime de estelionato contra um país e um povo indefesos, foi
agravado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que impôs o superávit primário
das contas públicas, para priorizar o pagamento de juros indevidos e
amortização de dívida prescrita, sobre qualquer investimento social, por mais
urgente e emergencial que seja. Diante desse assalto trilionário aos cofres
públicos, os mensalões do PSDB e coligados e recentemente do PT e coligados
ficam parecendo um simples suprimento da cesta básica de bolsa propina para os
escalões inferiores dos três poderes da república e para um “cala a boca” da
ralé dos empresários trambiqueiros.
1) Queremos saber qual é a sua atitude diante dessa questão
central que é a dívida pública, fato gerador da ingovernabilidade do país e de
nossa trágica situação social e política.
Encaramos
a dívida pública como uma verdadeira Bolsa Banqueiro. É um
mecanismo institucional absolutamente ilegítimo. Consome mais de 40% do
Orçamento da União e beneficia somente as 5 mil famílias mais ricas do país.
Nossa primeira medida será realizar a auditoria da dívida, a exemplo do
realizado no Equador, inclusive com a participação da Auditoria Cidadã do
Brasil, e que anulou 70% do total da dívida lá. Assim saberemos a
composição da dívida e sua legalidade. Acredito que será possível
diminuí-la significativamente, pois boa parte da dívida atual decorre
da obscura e questionável dívida da ditadura (ou seja, um governo
ilegítimo), com cláusulas ilegais e sem documentação. Há vários outros
elementos que podem e devem ser questionados pela auditoria:
- Utilização de juros
flutuantes, ilegais segundo o Direito Internacional;
- Aplicação de juros sobre juros (“anatocismo”, vedado pela Súmula 121 do STF);
- Pagamento antecipado de parcelas da dívida externa com ágio de até 70%;
- Realização, pelo Banco Central, de reuniões trimestrais com representantes de bancos e outros rentistas, para estimar variáveis como juros e inflação, que depois são utilizadas pelo COPOM para a definição das taxas de juros (ou seja, é “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”);
- Ausência de contratos e documentos;
- Ausência de conciliação de cifras;
- Aplicação de juros sobre juros (“anatocismo”, vedado pela Súmula 121 do STF);
- Pagamento antecipado de parcelas da dívida externa com ágio de até 70%;
- Realização, pelo Banco Central, de reuniões trimestrais com representantes de bancos e outros rentistas, para estimar variáveis como juros e inflação, que depois são utilizadas pelo COPOM para a definição das taxas de juros (ou seja, é “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”);
- Ausência de contratos e documentos;
- Ausência de conciliação de cifras;
2) A senhora pretende devolver ao Brasil a sua soberania
política e diplomática, ou vamos continuar sendo anões políticos e
diplomáticos, brincando de política e de diplomacia, dentro dos limites
definidos por Wall Street, que nos obriga a negar asilo a Edward Snowden e a
usar eufemismos ao nos referir ao holocausto de palestinos na faixa de Gaza?
O Brasil deve construir uma verdadeira integração
latino-americana dos povos e não somente dos mercados, como se fez de maneira
muito insuficiente no Mercosul. Precisamos ainda expressar internacionalmente
uma nova diplomacia solidária e ativa aos povos do mundo, com ações efetivas
contra os abusos cometidos, como o massacre de Israel na Palestina. Devemos ser
parte da política mundial, numa perspectiva antibélica. O Brasil não deve
enviar tropas e armas, mas, sim, assistência humanitária aos povos conflagrados
do mundo. Devemos ainda desaprovar rupturas institucionais, como nos golpes de
Estado em Honduras e no Paraguai. Defendo a concessão de asilo a Snowden e a
ruptura comercial e diplomática com países que cometem crimes contra os
direitos humanos, como o Estado de Israel cometeu na Faixa de Gaza.
3) Qual o seu compromisso em realizar as Reformas sociais
de base, principalmente a reforma agrária e a reforma política? A história
ensina que a tentativa real de realização dessas reformas saneadoras já
derrubou dois presidentes eleitos, Getúlio Vargas e João Goulart
A reforma agrária e a
reforma política estão entre as nossas prioridades. E vamos nos apoiar na
pressão popular para conseguir aprová-las. Os políticos têm dificuldades no
Congresso porque enviam propostas que não são de interesse da população, por
isso não têm apoio popular. Como os governos querem aprovar medidas contrárias
aos interesses do povo, precisam recorrer a esse balcão de negócios no
Congresso, como foi o mensalão e com o Fernando Henrique comprando votos para
reeleição. Como governarei para o povo, terei o apoio popular. E faz muita
diferença quando há pressão popular, seja como nas manifestações de junho, seja
simplesmente enchendo as galerias do Congresso. Diante das forças reacionárias
que querem manter o Brasil no atraso social que vivemos até hoje, só nos resta
o debate político e o convencimento da maioria do povo da necessidade de
realizá-las.
4)
O que
lhe parece a agricultura plurifamiliar, baseada na propriedade coletiva das
terras desapropriadas para a reforma agrária, agricultura desenvolvida e
mantida sem desmatamento, sem veneno e sem fertilizantes químicos, para
produzir bens agroindustriais orgânicos, de alto valor agregado e demanda
reprimida nos mercados internos e internacionais.
Me parece o modelo
ideal. Esse é o nosso objetivo, fomentar a pequena e a média agricultura, que
são as que realmente produzem alimentos para as cidades. Acredito, inclusive,
que a realização da reforma agrária pode ajudar a controlar a inflação.
Não precisamos controlar a inflação com altas taxas de juros. Podemos fazer
isso aumentado a produção de alimentos, produzindo alimentos mais saudáveis e
mais fartos para alimentar a população das cidades. Isso quem faz é o pequeno e
o médio agricultor e não o grande latifundiário, o grande empresário do
agribusiness. Por isso, vamos mudar esse modelo, valorizar e incentivar a
pequena e a média agricultura e colocar em prática a reforma agrária.
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