quarta-feira, 30 de abril de 2014

Santa greve!







Em todo regime capitalista, o aparelho repressor do estado trabalha para proteger o patrimônio dos capitalistas e assegurar o livre exercício da usura e de lucros crescentes dos mais ricos, os grandes patrões da economia, provocando a concentração de renda, a miséria, a devastação do meio ambiente e, de carona, também garantindo os privilégios de alguns capitães do mato, bem assalariados, que se imaginam e se comportam como se ricos fossem. Para a maioria da população, que é pobre, mal remunerada, ou desempregada, a polícia e a justiça não trabalham, veraneiam. Da polícia e da justiça, pobre só leva chumbo, porrada, gás pimenta e celas superlotadas.

Quando acontece uma greve na polícia, o patrimônio dos bacanas fica desprotegido e a galera faz a festa, roubando e saqueando o patrimônio deles, fazendo a lição de casa do que aprendem com os granfinos, os vendo roubar e saquear impunemente o patrimônio público. Afinal de contas, Deus é bom e é pai e este ano ele resolveu proporcionar aos pobres da Bahia mesa farta na Semana Santa, uma gorda sexta feira da paixão, guarda roupa turbinado com os últimos lançamentos da coleção outono-inverno-primavera-verão e TV bem grande e bem novinha, no padrão FIFA, para assistir à Copa.

Depois, a ressaca dessa festança popular vem com o festival de hipocrisia, promovido pela elite desprovida de vergonha na cara, gente que imita aquela que perdeu a cabeça na Revolução Francesa.

“A greve da polícia é ilegal”, eles bradam na imprensa patronal e esta famigerada imprensa, vermelha do nosso sangue dos explorados, repercute como se fosse um novo Grito do Ipiranga! “Corporações armadas não podem fazer greve, está lá escrito na Constituição”.  Como, aliás, lá também está escrito que o poder emana do povo e em seu nome ele é exercido. Porém, um pouco mais embaixo da chamada lei maior, umas leis “zinhas”, plutocraticamente sem vergonha, são feitas e permanecem imunes à qualquer emenda, ou a qualquer reforma, ou a qualquer tentativa de emenda, ou a qualquer tentativa de reforma, para garantir que, dentro da lei e da ordem, o poder emane, de fato, dos mais ricos e em seu nome ele seja exercido. Exemplo patético disso é a legislação político-eleitoral, que assegura a maioria parlamentar para a minoria, graças ao voto vendido dos políticos eleitos com o voto da maioria pobre.

Greve na polícia e nas forças armadas nada mais é do que a pura e simples ressonância dessas leis “zinhas” plutocráticas infraconstitucionais, que são feitas para violar, dentro da lei, o que está escrito nessa coisinha à toa, que deveria ser a nossa lei maior, a Constituição Federal.

Deus é bom, é pai e é brasileiro. Assim sendo, os pobres da Bahia vão lembrar a Semana Santa de 2014 como dias e noites de vinhos e rosas; como uma Semana Santa de Rei, ainda que de um rei, filho de carpinteiro desempregado, um rei coroado de espinhos, cuja sina é viver crucificado nesse secular calvário de pobres chamado capitalismo.

PS.



Foto: Bahia Notícias
Vereador Prisco, o líder, o mentor visível da Santa Greve.
(foto ahia Notícias)

Agora, um pouco de nossa baianidade nagô, que significa que as coisas mais improváveis acontecem na Bahia. O líder, o mentor visível da greve da Polícia Militar é vereador do PSDB, partido político de extrema direita, defensor ferrenho dos interesses dos capitalistas, partido que inventou a Lei de Responsabilidade Fiscal, supostamente para moralizar a gestão pública, mas que tem a finalidade de acorrentar o país ao sistema financeiro internacional e exterminar o seu povo, ao instituir a câmara de gás do superávit primário das contas do governo, que obriga que todo dinheiro público, após o pagamento dos servidores e das demais despesas correntes, seja desviado de investimentos sociais e prioritariamente destinado ao pagamento de juros e amortização de dívida junto ao sistema financeiro global, dívida externa prescrita, ressuscitada por FHC, Pedro Malan, Armínio Fraga e Cia., para honra e glória do sistema financeiro e desses ex e atuais gran mensaleiros no comando do país. Tudo farinha do mesmo saco.

Confira a verdade dessa mega negociata da dívida externa brasileira em:





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