A farsa política no Brasil
sempre foi representada por canastrões gananciosos e preguiçosos, preferencialmente
da classe mais abastada e seus vassalos, para ver quem vai ficar com a chave do
grande cofre estatal e governar o país para o seu próprio bem, para o bem da
moeda, do mercado e do capital.
No palco da política
brasileira, esporadicamente aparecem em cena idealistas quase quixotescos com o
sonho de governar por melhores condições de vida, por uma moralmente saudável
distribuição de renda e por igualdade social. A honesta e louvável intenção
desses aventureiros românticos tem apenas três caminhos históricos: os
realmente honestos, capazes e decididos são massacrados pelo sistema
(Tiradentes, Brizola, Jango, Anísio Teixeira, Lamarca e Marighela); os fracos
são cooptados (FHC e Serra) e os espertos, sejam eles fracos (FHC e Serra), ou
valentes (Zé Dirceu e Genoíno), enriquecem e esquecem as suas promessas ou seus
escritos, tão logo se vêm com a chave do grande cofre na mão.
O sistema capitalista está tão
arraigado na cultura política brasileira, ao ponto de aqui existir um só
partido político neoliberal, com duas grandes facções: a facção que está no
poder da chave do cofre e a outra que quer tomar o poder e ficar com a chave do
cofre.
Essa é a nossa realidade
política, desde o momento em que o europeu invadiu e saqueou pela primeira vez
essa nossa terra roubada dos índios.
Como os ricos brasileiros são absolutamente incapazes de inventar, inovar, repartir, governar e produzir - a
não ser grãos, vacas, galinhas e bananas - essa realidade elitista durou e
prosperou até o dia em que um trabalhador nordestino, esperto, analfabeto e
mutilado, a partir de uma perspectiva não elitista, nem arrogante, nem
prepotente, mas bem populista, desenhou um plano eficiente de governar para o capital.
Seu plano de cuidar da moeda, de fortalecer o mercado e de proteger o
capital, que consiste em dar esmolas permanentes e duradouras aos necessitados,
em vez de esmaga-los com arrocho salarial, está dando certo.
Com esse plano bem simples, o
nordestino sabido tirou milhares de brasileiros da miséria, tirou o sono e o
sonho de poder a médio prazo da facção elitista do partido único, seduziu o
mercado, encantou os banqueiros, aqueceu a economia, fortalecendo o mercado
interno a tal ponto, que essa ilusória solidez da economia tem livrado o país
dos efeitos mais dramáticos da nova grande crise global do sistema neoliberal.
Quanto ao fato desse Ali Babá
nordestino da gota e seu time de mais de 40 companheiros ladrões terem também
assaltado o grande cofre estatal do país, todos sabemos que no Brasil, e em
todo país capitalista, ou onde exista a livre iniciativa privada, como na China
comunista, a maracutaia e toda forma nojenta desse crime hediondo de roubar o
dinheiro público torna-se a mais sólida, poderosa e duradoura instituição nacional.
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