Como sabe e disse o sábio Ariano Suassuna, o povo brasileiro suporta o peso de uma elite, de uma burguesia ociosa, inepta, inapta, incompetente.
Mas, com o advento da ditadura pró capital estrangeiro, no distante ano de 1964, que fortaleceu pelas armas militares a corrupção de estado, o proletariado e os burgueses de berço passaram a ser atropelados por uma espécie ainda pior, o chamado neo burguês do erário, cidadãos provincianos, oriundos de oligarquias decadentes e cidadãos laranjas dessas decadentes oligarquias, que enriqueceram rapidamente mamando nas tetas generosas do governo, através da política partidária.
Os pioneiros dessa nova classe abjeta foram os hoje conhecidos como “filhotes da ditadura”, ex-governadores biônicos, parlamentares servis não cassados e seus descendentes e cupinchas, que deram início a uma impune, contagiante e monumental sangria do dinheiro público, abarrotando suas contas secretas em paraísos fiscais, para depois lavar e repatriar esse dinheiro sujo, ostentando riqueza repentina à custa da dor, da fome e da miséria do povo brasileiro.
Um desses neo burgueses fez carreira política como paladino da cidadania, defendendo os interesses menos imediatos do cidadão e depois de eleito prefeito dessa grande capital nordestina, perfumada de cocô e xixi, passou a defender a ferro e fogo os interesses das grandes e sempre suspeitas empresas de construção civil e de abastados incorporadores, prostituindo as diretrizes urbanistas da cidade e o seu meio ambiente.
Agora esse prefeitinho quer proibir o povo de urinar e defecar nas ruas da cidade, ele que arrasta por quase uma década a construção de uma linhazinha de nada de um metrozinho de merda, projetado e construído sem banheiros públicos nas estações.
Pois é, prefeitinho, já que vossa senhoria não equipou a cidade devidamente de sanitários públicos e agora quer impedir por lei que as pessoas se aliviem de necessidades fisiológicas prementes em monumentos, muros, ruas, praças, avenidas e parques da cidade, em vez de ameaçar o populacho com prisão e outras humilhações próprias da repressão do corrupto estado burguês, faça cumprir a lei e obrigar a todos os estabelecimentos com alvará de funcionamento público a franquear seus abjetos ou os seus luxuosos e perfumados sanitários à população, carente também desse equipamento de que tem direito.
Assim, os afetados burgueses e neo burgueses, habituais frequentadores dos luxuosíssimos e caríssimos restaurantes da cidade, terão oportunidade de cruzar com moradores de rua, dentro desses requintados estabelecimentos, alguns até drogados e embriagados como costuma se drogar e se embriagar a burguesia, mas perfumados, pela sarjeta e levados a ela por esse sistema que a elite dirige e conserva no seu próprio interesse.
Talvez assim, nessa convivência tão próxima, no momento tão sagrado de cagar e de mijar, a burguesia adquira uma nova consciência da realidade.
Por essas razões é que o xixi neo burguês do nosso prefeitinho é a burguesada do mês, na inchada, libertina e malcheirosa cidade do Salvador.
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