Sou
judeu
Não sou
banqueiro, nem semita
Não sou
rico, nem pobre,
Sou ateu
e socialista.
Não
busco ser rico,
Não me
visto como os ricos,
Nem me
identifico com eles
A não
ser com o amor dos ricos
Que são
parentes e amigos de meus filhos
E com
os meus amigos ricos,
Que são
muito poucos e muito ricos.
Assim
eu sendo,
Se a
polícia civil ou militar
Aparecer
por perto do lugar onde moro,
Cavo um
buraco
E me
escondo debaixo do chão,
Para não
ser agredido,
Violentado,
torturado, atingido,
Para não
ser mais um
Anônimo
cidadão desaparecido.
Em
minha alma
Não quero
feridas,
Nem em
meu corpo quero balas certeiras
Ou
balas perdidas.
Sobre
as nossas cabeças
De passadas,
presentes e futuras carniças,
Pairam
manjados urubus caciques policiais,
Com as
suas mais inocentes caras limpas neoliberais
Posando
de santas madres teresas de calcutais
E juram
publicamente que não sabiam
Nem das
fraudes colossais,
Nem da
existência de poderosos e influentes cartéis
Nas licitações
de obras do metrô,
Em São
Paulo, Brasília e Salvador.
Alguns
poucos manifestantes de rua desconfiavam
Todos os
vândalos já sabiam.
E a
seletivamente
Surda e
muda imprensa patronal,
Sabia ou
não sabia
Desses recorrentes
delírios
Do mundo
neoliberal?