Um
notável exemplo de manipulação dos fatos e da informação pela mídia patronal
golpista – que domina a ciência de transformar mentiras, boatos, denúncias
infundadas, na mais pronta e definitiva verdade, para formar a opinião pública
- acontece simultaneamente no Brasil e na Venezuela.
Um
trabalho bem concatenado dos meios patronais de comunicação de massa,
resultando num surto de histeria popular coletiva, plena de ódio de classe,
indignação e intolerância, pipocando nos países alvos do imperialismo norte
americano, exatamente como aconteceu, sem sucesso, na Venezuela, em 2002; em
Honduras, com sucesso, em 2003; no Paraguai, com sucesso, em 2012, no golpe
parlamentar de estado, que depôs o presidente eleito pelo voto popular e, em
2014, sem sucesso, na Bolívia.
Neste
contexto está o atual delirante surto popular brasileiro - contra o governo,
contra o ex-presidente, contra a presidente, contra os corruptos e contra a
corrupção – ocorrendo, ironicamente, enquanto o governo empreende operações bem
sucedidas de combate à corrupção, atingindo os maiores empresários da
construção civil no país; dirigentes, ex dirigentes e funcionários de estatais;
políticos e pessoas ligadas ao partido no governo, muitos deles indiciados,
julgados e condenados sem mais delongas. Fato inédito na História do Brasil.
Desde
a chegada dos invasores portugueses, a História do Brasil registra que o país é
governado por oligarquias entreguistas, servindo aos interesses do imperialismo
estrangeiro. Oligarquias insaciáveis que se alimentam e incham com a corrupção,
a exploração e a mentira.
Como sabemos,
o apogeu do ataque do capital privado estrangeiro às riquezas do Brasil deu-se
recentemente, no governo oligárquico elitista de Fernando Henrique Cardoso, que
fez um acordo espúrio com os banqueiros de Wall Street, ressuscitando uma
bilionária dívida pública, prescrita, e entregando ao capital privado as
maiores, melhores, mais rentáveis e estratégicas empresas estatais do país, à
preço de banana.
Isto
tudo sem que um só grito, uma só voz de protesto, repercutisse na mídia
patronal ou no coração revoltado da classe média. Eram os tempos áureos da
impunidade e do engavetamento das denúncias de corrupção.
Apostando
na continuidade de seu reinado, os elitistas anunciaram, para o governo
seguinte, as privatizações da Petrobrás, da exploração do petróleo brasileiro,
do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, como exige o imperialismo norte americano
Por sua vez e também apostando na continuidade do
estilo neoliberal de governar, os eleitoralmente vitoriosos governos do PT
mantiveram, na essência, a mesma política dos governos anteriores, mas ousaram
inovar, introduzindo mudanças na forma de governar, que despertaram a ira do
imperialismo norte americano.
As
novidades foram alguns impulsos de soberania e não alinhamento automático aos
interesses de Washington; o combate à corrupção e à impunidade dos ricos;
sólidos investimentos no ensino público e na assistência médica; o fim do
arrocho salarial e drástica redução do desemprego, o que excluiu o Brasil do
Mapa da Fome Mundial, monitorado pela FAO, e retirou mais de quarenta milhões
de brasileiros da miséria, expandindo o mercado interno do Brasil.
Mas a
pior novidade de todas, aos olhos raivosos da águia do imperialismo, foi a não
privatização do Pré Sal e da Petrobrás.
Por
que?
Antes
de mais nada, porque os Estados Unidos são os maiores consumidores de petróleo
do mundo e obrigados a importar 60% do petróleo que precisam.
E por
que esse ódio imperialista norte americano contra os governos soberanos da
América Latina, especialmente o governo popular bolivariano da Venezuela e o
timidamente soberano neoliberalismo populista do Brasil?
Por
causa do petróleo!
Sozinha,
a Venezuela tem as maiores reservas petrolíferas do mundo e somadas as do Pré
Sal e as da Bacia de Campos do Brasil, as reservas de petróleo desses dois
países ficam imensas.
Mas
Brasil e Venezuela tem muito mais em comum. Tem meia dúzia de ricos usurários e
governos plutocratas.
Têm a
classe média de grandes assalariados e autônomos remediados; tem a classe média
de médios assalariados e autônomos endividados e tem a classe média dos baixos
assalariados e pequenos autônomos, comendo o pão que o diabo amassou, para
ostentar pose e aparência de rico.
E
todos esses classe média andam de carona na plutocracia, vivendo na ânsia de
ficar ricos e acumular fortuna, como os ricos plutocratas.
A
maioria das pessoas ricas, das remediadas, das endividadas e das freguesas da padaria do
diabo, são autenticas crias do individualismo competitivo do capitalismo
colonial, pessoas errantes, sem pátria, competitivas, não solidárias, sem amor
ao próximo, com o coração programado e configurado para só amar e desejar o que
vem do estrangeiro, a viver para tudo que tem e vem de lá; de lá do primeiro
mundo imperial dos ricos de verdade. E é uma paixão tamanha pelos bens e
valores importados, que os predispõe a ser espiões dedicados ao imperialismo,
traindo o país onde nasceram.
Na
Venezuela, o chamado de Pacto do Ponto Fixo, em 1958, uniu as oligarquias
filiadas ao partido Ação Democrática e ao COPEI, Comitê de Organização Política
Eleitoral Independente, num acordo de governo elitista, que durou 40 anos.
Nesse
período, o povo venezuelano ficou completamente sem voz e sem vez no governo e
as oligarquias governaram visando os seus interesses e os interesses
imperialistas dos Estados Unidos, para quem entregavam petróleo a preços
inferiores ao de mercado.
Esse
período de extrema repressão e pobreza vivido pelo povo venezuelano, culminou
com a revolta popular de 1998 chamada Caracazo. O governo reprimiu o Caracazo,
ordenando que as forças armadas atirassem contra os manifestantes, assassinando
mais de 3 mil pessoas em menos de 1 semana.
Um
dos militares que se recusou a atirar contra o povo, Hugo Chaves, liderou uma
revolta popular, intentando um fracassado golpe de estado, mas logo em seguida
venceu as eleições presidenciais de 1998, introduzindo no país um governo
democrático, de maioria verdadeiramente popular.
Pela
primeira vez na história venezuelana, o povo se viu representado no governo e numa
Assembléia Constituinte, que consolidou a primeira Democracia Participativa da
Venezuela, revolucionando o país.
A
pobreza foi reduzida dos 54,2% em 1998, para 23,99% em 2012. A mortalidade
infantil diminuiu, nesse mesmo período, em mais de 50% e o analfabetismo foi
erradicado.
Com
mais de 21% do orçamento público destinado à saúde e à educação, o povo passou a
ter assistência médica digna e o número de alunos matriculados nas
universidades cresceu de 800 mil, para mais de dois milhões e seiscentos mil.
Vendo
seu poder na Venezuela ser reduzido a mais nada e a sua hegemonia na região
seriamente ameaçada, os Estados Unidos tentaram várias vezes derrubar o governo
socialista bolivariano da Venezuela. Sempre empregando as mesmas fórmulas: ou
através de golpe militar, corrompendo as forças armadas, ou através de golpe
civil, usando a influência das oligarquias, juntamente com a manipulação
midiática, no país e no exterior, para mobilizar as classes médias em
manifestações de rua.
Em
2002, tentaram sem sucesso um golpe militar. Em 2003 tentaram o golpe através
de Guerra Econômica, com as elites boicotando a economia, para provocar o
desabastecimento, novamente sem sucesso, porque o povo venezuelano reconhece e defende o seu governo!
Depois
de tanto fracasso, está em curso agora uma nova tentativa de golpe, desta vez
na nova fórmula chamada de Golpe Suave, através do recrudescimento da guerra
econômica, provocando a escassez de produtos básicos, mediante o boicote da
indústria e do comércio privados e o contrabando para a Colômbia de produtos subsidiados pelo
governo popular bolivariano. E em cima disto tudo, a manipulação midiática, que
transforma pessoas em robôs rebeldes, sem causa e sem noção, usados como massa
de manobra, em agitações de rua.
No
Brasil, o imperialismo norte americano corrompeu as forças armadas brasileiras,
vendendo o fantasma do comunismo, para impor a ditadura militar de 1964, que
uniu as oligarquias filiadas à UDN e PSD, num acordo de governo elitista, que
durou mais 40 anos de sofrimento, de censura, de arrôcho salarial, de
desemprego e de tortura para o povo brasileiro.
Nesse
período, o povo ficou completamente sem voz e sem vez no governo e as
oligarquias governaram tranquilamente, visando os seus interesses particulares e os
interesses imperialistas norte americanos, para quem entregavam as nossas
riquezas e as nossas melhores estatais à preços de banana.
Esse
período de extrema repressão e pobreza vividos pelo povo brasileiro, culminou
com a eleição do Partido dos Trabalhadores, em 2002, graças às promessas de
campanha de um governo socialista, voltado prioritariamente para os interesses
do povo.
Promessa
logo quebrada nos primeiros dias de governo, quando o presidente Lula passou a
seguir a cartilha neoliberal dos governos anteriores, reduzindo e extinguindo
direitos de trabalhadores e de aposentados, visando unicamente os interesses da
minoria rica, dos especuladores e dos banqueiros nacionais e internacionais. E
continuou pagando a parte fraudada da dívida pública, sem auditá-la, contrariando o que determina a Constituição em vigor.
Todavia,
muito esperto, Lula deu conotação populista ao seu governo elitista, oferecendo
esmolas aos pobres e miseráveis do país, na forma de programas sociais como o
Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos.
Também
o governo Lula aliviou o arrocho salarial, passando a corrigir anualmente o
salário mínimo acima da inflação, aumentando o seu poder de compra, promovendo
uma política arrojada de criação de novos postos de trabalho com carteira
assinada, reduzindo drásticamente o desemprego de mais de 18% para menos de 6%
da população economicamente ativa.
Essas
providências foram suficientes para retirar da miséria mais de 40 milhões de
brasileiros; expandir o mercado consumidor; impulsionar a economia interna e excluir
o Brasil do Mapa Mundial da Fome, monitorado pela FAO.
Mas
os governos do PT foram mais além com Dilma Rousseff na presidência da
república.
Com
Dilma na presidência da república, o combate à corrupção e à impunidade dos
ricos recrudesceu, a ponto de mandar para a prisão os maiores empresários da
construção civil. Igualmente, a possibilidade de privatização do Pré Sal e da
Petrobrás foi definitivamente afastada, com a promulgação de leis de proteção
ao patrimônio público e de investimentos vigorosos na estatal do petróleo e no
Pré Sal.
Pela
primeira vez na História do Brasil, um partido político no governo federal
combate a impunidade e a corrupção dos ricos, principalmente no âmbito do seu
próprio partido governante.
Vendo
seu poder e influência no Brasil ser reduzido drasticamente e a sua hegemonia na
região seriamente ameaçada, os Estados Unidos tentam derrubar o governo
neoliberal populista do PT, utilizando os seus meios habituais, contando com o
apoio das oligarquias entreguistas, simultaneamente com a manipulação
midiática, dentro e fora do país, para mobilizar a classe média em
manifestações de rua, respaldando um golpe de estado parlamentar, como fez no
Paraguai do presidente Fernando Lugo, também eleito pelo voto popular.
Trata-se
apenas de mais uma tentativa de golpe do imperialismo norte americano contra o
Brasil, muito parecida com o Golpe Suave, que está sendo aplicado na Venezuela.
Ambos
os países sangram com o recrudescimento da guerra econômica; com o aumento de
preço de produtos básicos; com o boicote da indústria e do comércio privados, reduzindo
investimentos e fechando de postos de trabalho e com a recorrente manipulação
midiática, que transforma pessoas em robôs rebeldes, sem causa e sem noção,
usados em agitações de rua e nas redes sociais.
E por
que esse imenso ódio ianque, precisamente contra os governos do Brasil e da
Venezuela?
É
sempre pelo mesmo motivo estratégico: o petróleo!
Como
sabemos, as maiores reservas de petróleo do mundo estão localizadas na Venezuela
e no Pré Sal brasileiro.
Os
Estados Unidos são os maiores consumidores de petróleo do mundo e são obrigados
a importar 60% do petróleo que consomem.
Atualmente,
os Estados Unidos compram da Arábia Saudita, do Catar e dos Emirados Árabes
Unidos a maior parte do petróleo que necessitam. Petróleo que fica caríssimo,
porque ele fica muito distante dos Estados Unidos. Mas é usando esses parceiros
submissos no Oriente Médio, que os Estados Unidos tentam controlar e controlam
todo o petróleo da região.
Com
esse intuito, brigam com o Iran; invadiram o Iraque, depondo e assassinando
Sadam Hussein, provocando a destruição do país, com o assassinato de centenas de
milhares de civis; fomentam e participam da guerra civil na Síria, para depor o
presidente soberano, confirmado no poder pelo voto popular, político não alinhado, Bashar Afez al Assad,
provocando a morte de centenas de milhares de civis; promoveram o recente golpe
de estado na Líbia; usam interesses comuns com o Estado terrorista de Israel,
para realizar o genocídio na Palestina e financiam agitações populares em toda
região.
O
petróleo que os Estados Unidos compram e saqueiam do Oriente Médio, vem através
do Estreito de Ormuz, contornam o sul da África e seguem pelo Oceano Atlântico
até o Texas. Uma viagem que dura entre 40 e 45 dias, tornando o valor do frete
insuportavelmente caro e o transporte demorado.
Enquanto
que a viagem da Venezuela ao Texas dura apenas 4 ou 5 dias e do Brasil ao Texas
entre 9 e 11 dias.
É
esta a importância da Venezuela e do Brasil na geopolítica estratégica e vital
dos Estados Unidos.
É
isto que está por trás de toda truculência com que o governo norte americano
ataca os governos democráticos populares da Venezuela e do Brasil, como invade
e destrói nações, assassinando centenas de milhares de homens, mulheres e
crianças, no Oriente Médio.
Esta
é a verdade nua. O resto é mentira da mídia patronal golpista, que defende os
interesses imperialistas; mentira que faz a cabeça e é repetida histericamente
por centenas de milhares de robôs.